09/03/2009

...idioma...


Por que me falas nesse idioma? perguntei-lhe, sonhando.
Em qualquer língua se entende essa palavra.
Sem qualquer língua. O sangue sabe-o.

Uma inteligência esparsa aprende esse convite inadiável.
Búzios somos, moendo a vida inteira essa música incessante.
Morte, morte.

Levamos toda a vida morrendo em surdina.
No trabalho, no amor, acordados, em sonho.
A vida é a vigilância da morte,
até que o seu fogo veemente
nos consuma sem a consumir.

Cecília Meireles

Sem comentários: