18/06/2009

ama-me nômade

Livre de laços
Sou estátua de limo
Em plena ilha no espaço
Deixo restos entre espinhos

Nesta insônia insólita
Insinuo-me entre juncos
Onde a luz é órbita do olho,
E o cheiro pergunta ao nariz

Se as paredes são lisas
Como carne e linho,
Para existir, repiso
-Sistere - ex -

Insisto nas entrelinhas
Volto raízes ao céu
E flutuo, em treva branca
Em mim, há um cosmo ínfimo,
Cidade quase caos aos trancos

Peço em silêncio, crestado ao relento
Úmido à beira-mar, mofada por um triz:
Ama-me a seco, íntimo, feito nômade do deserto

Depois, adormeco meu semblante

Feito morta, por horas, volto louca,
Outrem sob seu olhar, prometo brincar
Sem Sartre L'être nem Néant
Beatriz M. Moura

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