28/02/2009

Disseste adeus...

"ser e nada" - pintura de Moisés Caciel
Disseste adeus...

... e aos poucos abandonas-me.

Sais de mim todos os dias.

Fragmentado, esfumado no silêncio das horas.

Sinto que partes.

Vejo-te ir.

E eu... esqueço-me de ti.




( e tu, já me esqueces-te?!
Não!... Não é o melhor pra mim !)

...não posso...

pudesse eu
morrer
...
pudesse eu
esquecer-te
...
pudesse eu
não mais sofrer
...
pudesse eu
não mais amar-te
...
mas não posso...

27/02/2009

...incompletude...

"O Canto do Vento nos Ciprestes", de Maria do Rosário Pedreira, exibe um sujeito afundado na sua própria dor amorosa, arrastada por um clarão cortante, nocturno.

Uma publicação da Gótica



O "segredo" de O Canto do Vento nos Ciprestes, de Maria do Rosário Pedreira, é o obstáculo. O obstáculo, inerente a qualquer amor, está sempre presente nesta espécie de romance poético, com incidências que poder-se-iam considerar epistolares. O simbolismo da perda, da morte de uma paixão surge aqui como condenação tornada evidente pela exigência da escrita: "[...] o dia treme na linha/dos telhados, a vida hesita tanto, e pudesse eu morrer,/mas ouço-te a respirar no meu poema".

O realismo do verbo nestes poemas de tendência narrativa, descritiva, destas histórias que se sucedem ininterruptamente numa harmoniosa circularidade, reside no canto. Porque amar é cantar, o amor reside no canto, quem canta merece o amor, mesmo que ele possa vir a morrer.

Maria do Rosário Pedreira ousa penetrar na vertigem de uma paixão que conserva em si o sentimento, mesmo já sem o Outro, após ter passado pelo pressentimento da perda. Não é o amor uma frutuosa incompletude? O desejo dir-se-ia, por outro lado, uma nostalgia - do que fomos e do que ainda misteriosamente somos...

E a poetisa sente a morte chegar, e quer ir no lugar do amado. O poema traz, desse modo, em si o fundamento da comunidade, a da conservação do Tu no Eu, a realidade que não se adapta à ausência e se ajusta ao irredutível: "Não te demores - o sol anda a deitar-se sem pudor/em todos os telhados, e a luz esmorece, e o luto/da noite alonga a espera."

Estranhas paisagens que conduzem o leitor à "enfermidade da morte", revelada aqui como metáfora de uma extrema perda. O discurso poético, torrencial, sem ser retórico; sentimental, mas vigiado, exibe um sujeito afundado na sua própria dor arrastada por um clarão cortante, nocturno.

A catástrofe do amor invade este livro abissal. Roland Barthes fala mesmo em "pânicos", em algo que não continua, em situações sem regresso: "Projectei-me no Outro com uma força tal que, com a sua falta, já não posso deter-me, recuperar-me: estou perdido para sempre."

Esse luto atravessa também este Canto do Vento nos Ciprestes, com uma desmesurada fadiga na sua totalidade impossível, na diferença esboçada entre dois destinos. Na sua leve densidade, o livro da também autora de A Casa e o Cheiro dos Livros não se reduz a fáceis registos psicológicos. Fala do amor como espera, como nostalgia, revelando-nos que a paixão escapa-se da possibilidade.

Separados e unidos - não obstante o paradoxo -, assim, eternamente, estão este Eu e este Tu com a morte entre eles, porque o amor não suprime a morte, e a autora escreve-o. Todo o episódio amoroso neste livro reveste-se, assim, de um significado, conduzindo o leitor a uma história trágica, ordenada no seu caos. Persiste, no entanto, a sensação de que a plenitude existe e que a memória não deixará jamais de a fazer regressar, porque o sentimento é afirmado enquanto valor: "Nunca te esqueci - é este um amor maior/que atravessa a vida e resiste à cicatriz do tempo."

Não há aqui lugar para um tempo do amor, o discurso é sempre o da sua memória. Não ficam nestas páginas o deslumbramento, a exaltação, a projecção de um futuro pleno. O Canto do Vento nos Ciprestes atravessa, sim, uma espécie de longo túnel premonitório no qual viajam a ameaça da morte e o tremor que modifica o "idílio", porque tudo se dilacera: "[...] Por isso, vou para casa/e aguardo os sonhos, pontuais como a noite."

Maria do Rosário Pedreira faz do "em ti" ponto de partida e chegada. "Amor, que a amado algum amar perdoa", escreve Dante, reconhecendo que esta é uma luta de morte. A poetisa sabe, por outro lado, que o amor dir-se-ia também angústia da perda.


Ana Marques Gastão in DN de 9-6-2001

...o que foi...

Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já não doi,
A antiga e errônea fé,
O ontem que a dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
e hoje é já outro dia.

Fernando Pessoa

26/02/2009

...Aurora...

Pintura de Portinari

"e eu que aprendi quase tudo e nenhuma coisa
sobre a vida e sobre a morte
sobre os rostos que me rodeiam
e alguns deles me atiraram pedras ao coração
quando à luz da noite me deito
extasiada pelas chamas do fogo
que me consumiram as mãos
já não sinto dor:
estou dentro dos teus olhos.
faço parte destas longas chamas
como de uma confidência
esperando que apareça o outro Sol
e não pergunto ao mendigo como se sente
nem ao cego como vê nem ao que não anda
porque ficou na estrada
eu própria me converto no mendigo e no cego
e no que ficou preso aos seus próprios pés.
por isso sonho descobrir todas as estrelas
que me cairam do firmamento
e faço parte como vós dos raios da aurora
das cores imensas do arco-íris e do vento
das montanhas das serras dos ecos das visões
dos misteriosos rios que passam pelas aves e pelos homens
do desfile admirável das formigas
que me arrancaram as lágrimas e agora correm
como tesouros guardados na terra em areia húmida
desejo ver-me reflectida nos olhos das crianças
contemplar a minha irmã palmeira que voou da minha infância
para ficar aqui junto a vós no meio da página
onde vamos explodindo todos juntos na poeira
tudo isto sinto quase ninguém vê
e não pergunto nada
de cada encontro guardo um tesouro
e to devolvo porque se mudou para o nosso comum destino
ao vaguearmos pelas praias com seus antigos náufragos
e o que encontrei é como um pássaro antes do amanhecer
a Rosa de El Sáron que não conhece Ocaso
inclinando-se a teus pés na palavra mais doce
a palavra que nos torna um
o mar a sussurrou"


Rosa de el Sarón de

...relatividade...

Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.

Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base...
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo ortogonal, seios esferóides.

Fez da sua
Uma vida
Paralela à dela.
Até que se encontraram
No Infinito.

"Quem és tu?" indagou ele
Com ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode chamar-me Hipotenusa."

E de falarem descobriram que eram
O que, em aritmética, corresponde
A alma irmãs
Primos-entre-si.

E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Rectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.

Escandalizaram os ortodoxos
das fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianase pitagóricas.
E, enfim, resolveram casar-se.
Constituir um lar.
Mais que um lar.
Uma Perpendicular.

Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissectriz.
E fizeram planos, equações ediagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidadeIntegral
E diferencial.

E casaram-se
e tiveramuma secante e três cones
Muito engraçadinhos.

E foram felizes
Até àquele dia
Em que tudo, afinal,
se torna monotonia.

Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum...
Frequentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.

Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.

Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais
Um Todo.Uma Unidade.
Era o Triângulo,
chamado amoroso.

E desse problema ela era a fracção
Mais ordinária.

Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade.
E tudo que era espúrio passou a ser
Moralidade

Como aliás, em qualquer
Sociedade.

...Perfeito...


"Quise imaginar lo que sería mi vida, estando en este mundo, siendo un ser perfecto, sin tristezas, sin vacíos, sin necesidad de amar y sentirme amado, teniendo todo a la mano, para alcanzarlo sin el más mínimo esfuerzo, siendo poseedor de una imagen y figura perfecta ante los ojos de los demás; sintiendo el poder en mis manos... (después de todo eso es lo que anhelan y sueñan los seres humanos).

Y después de imaginar lo que sería mi vida así, el pensar en eso, no fue un sueño, sino una pesadilla de la cual, inmediatamente quise despertar... corrí al espejo a verme, y al contemplar mi imagen y redescubrir lo que soy, dije con voz de alivio:

No Soy perfecto!

Si no me equivocara jamás, tal vez no podría entender los errores que también cometen los demás, viviría juzgándolos, y me quedaría solo, porque no encontraría a nadie que me pudiera igualar.

Si mi imagen y figura, fueran perfectas para la humanidad, nadie sabría quién realmente soy, me buscarían por mi apariencia, verían en mí solo lo material; tal vez me convertiría en esclavo del cuerpo y de lo superficial, queriendo encontrar la fórmula de la eterna juventud, para no envejecer jamás, dependiendo de cremas y maquillajes, viviendo una vida superficial; en el espejo no vería más que mi figura, no sabría quién soy en realidad.

Prefiero ser pequeño, diferente, estando seguro de que los que me quieren, me conocen en verdad, y mejor aún, sólo puedo contemplar en el espejo, más que mi alma, y lucho por conservar mi belleza espiritual.

Si no tuviera vacíos, no tendría necesidad de AMAR y sentirme AMADO, y sería una persona indiferente, eso me aterra, no quiero pensar lo que es vivir sin amor; sin experimentar esa necesidad de ser AMADO y los enormes deseos de dar amor.

Ese es el motor de nuestra existencia, si por ello mismo nos creó Dios, más aún, fue tan grande su amor, que experimentó el más grande dolor, tan sólo por amor.

No soy perfecto y le doy gracias a Dios, porque mi imperfección le da sentido a mi vida, me invita a luchar cada día por ser mejor. Gracias Dios, por mi imperfección, pon en mí el toque de tu perfección: "El Amor".

23/02/2009

...passagem...

Pintura : "A grande passagem" de Moisés Caciel

Um amor que só ama
E de amar vive sendo
Ausência e desejo
Farpas
Cimento e cal
Paredes erguidas
Mas basta um sopro
Brisa mínima de tua boca
Para ruir o palácio do nunca mais
O que existe é passagem.

(Glória Azevedo citada por AnaLuKa

...aceitar...


"Amar não é aceitar tudo.
Aliás: onde tudo é aceito, desconfio que há falta de amor."


Vladimir Maiakovski

...faz de conta...


"faz de conta que ela não estava chorando por dentro - pois agora mansamente, embora de olhos secos, o coração estava molhado”


Clarice Lispector

22/02/2009

...cansei...


para ti só mais uma canção...

Ele diz-me coisas
diz-me que sou sua vida
diz-me através da escritas que sou a sua escolhida
diz-me que eu sou a tal
mas tem amigas sem fim
pede que o não leve a mal
mas só tem olhos pra mim

"Esquece, já o conheço
salta fora amiga enquanto é o começo
Esquece, não vale o preço
tudo nele é mentira, até o endereço"

Cansei das tuas histórias de embalar
das frase feitas que a net foste buscar
dizes que gostas de mim
comigo queres ficar
pra mim não chega assim
vais ter de me provar.

"Quem vê caras não vê corações
O que ele diz saca de canções
por mais que estejas explicado
já tá o caldo entornado"

Não consigo resistir
custa-me ser-lhe actriz
dele não vou desistir
pois só ele faz-me feliz
Será que é isto que eu quero para mim
as duvidas surgem
como odeio sentir-me assim.

Cansei das tuas histórias de embalar
das frase feitas que a net foste buscar
dizes que gostas de mim
comigo queres ficar
pra mim não chega assim
vais ter de me provar.

"Não te quero magoar és especial pra mim
tenho muito pra dar mas só te dou a ti
deixa acontecer não te vais arrepender
será o que tiver que ser escuta o que te vou dizer
fama de malandro de viver brincando não passa de um engano
faço-te feliz se me quiseres ter o futuro vamos decifrando
peço que entendas este meu amor não te pretendo causar dor
a vida sem ti do meu lado perde toda a cor"

Cansei das tuas histórias de embalar
das frase feitas que a net foste buscar
dizes que gostas de mim
comigo queres ficar
pra mim não chega assim
vais ter de me provar.


Just Girls / Angélico


...luz...


A mim não me ilumina,
O que os teus olhos vêm
Desilude-me, o que não encontram...
A luz que me guiava vinha de ti
Essa luz que fazias brilhar em mim
E que num sopro se foi
Quando viste luz noutros olhos...
Apagaste o que tinhas em mim
E nunca te iluminou
Nunca te guiou
Nunca te trouxe a mim ...
Então vai
E que a luz nunca te cegue
Como aos meus olhos fechou ...
Malu
Alcobaça 22 de Fevereiro de 2009

21/02/2009

...parabéns...










... sim...
o meu filho faz anos hoje...
há 4 anos me segura viva...

por ele...
também eu,
um dia destes direi
obrigado
sou feliz
...não por ti...

16/02/2009

...estarás?...


Estarás ali
Num lugar mais seco

Estarás feliz
Longe deste pântano

Estarás comigo
Quando me afundo

Estarás a meu lado
Quando sobrevivo

Estarás tu onde?
Quando me ausento?


... Desliguei-me ...

foto de Daniel Oliveira em
Estou outra vez suspensa
Na presença e na ausência
De todos os sentimentos
Que me agitam
Que me estancam

Desprendi-me de mim
Desuni-me de ti

Estou outra vez ferida
Em côma profundo
De todas as dores
Que me abatem
Que me restauram

Imobilizei meu juízo
Congelei o meu saber

Estou outra vez separada
De todas as estrelas e mares
De toda as terras e ares
Que me corroem
Que me sepultam

Desordenei-me dos dias
Desdisse-me das noites

Estou outra vez inconsciente
Devastada pelo desalento
De todas as promessas
Que me recusas
Que me reivindicas

Desarmei-me do amor
Desliguei-me de ti...


malu,
Alcobaça,
16 de Fevereiro de 2009

15/02/2009

...desageitado...


Sei de alguém
Por demais envergonhado
Que por ser tão desajeitado
Nunca foi capaz de falar

Só que hoje
Viu o tempo que perdeu
Sabes esse alguém sou eu
E agora eu vou-te contar

Sabes lá
O que é que eu tenho passado
Estou sempre a fazer-te sinais
E tu não me tens ligado

E aqui estou eu
A ver o tempo a passar
A ver se chega o tempo
De haver tempo para te falar

Eu não sei
O que é que te hei-de dar
Nem te sei
Inventar frases bonitas

Mas aprendi uma ontem
Só que já me esqueci
Então olha gosto muito de ti

Podes crer
Que à noite o sono é ligeiro
Fico á espera o dia inteiro
Para poder desabafar

Mas como sempre
Chega a hora da verdade
E falta-me o á vontade
Acabo por me calar

Falta-me jeito
Ponho-me a escrever e rasgo
Cada vez a tremer mais
E ás vezes até me engasgo

Nada a fazer
É por isso que eu te conto
É tarde para não dizer
Digo como sei e pronto

Eu não sei
O que é que te hei-de dar
Nem te sei
Inventar frases bonitas


Mas aprendi uma ontem
Só que já me esqueci
Então olha gosto muito de ti


Balada do Desajeitado
Quadrilha

para ver em

http://www.youtube.com/watch?v=geP88IEWvcE

só porque sim

e também porque é a tua preferida

mesmo antes de mim

...pegadas na areia...


You walked with me
Footprints in the sand
And helped me understand
Where I’m going

You walked with me
When I was all alone
With so much unknown
Along the way
Then I heard you say


I promise you
I’m always there
When your heart is filled with sorrow and despair

I’ll carry you
When you need a friend
You’ll find my footprints in the sand

I see my life
Flash across the sky
So many times have I
Been so afraid

And just when I
I thought I’d lost my way
You gave me strength to carry on
That’s when I heard you say

...

When I’m weary
I know you’ll be there
And I can feel you
When you say


Footprints In The Sand

Leona Lewis

para ver em

http://www.youtube.com/watch?v=1gT0t-zhF5o&feature=related

(obrigado amiga)

...loucura II...


A loucura ou insânia é segundo a psicologia é uma condição da mente humana caracterizada por pensamentos considerados "anormais" pela sociedade. É resultado de doença mental, quando não é classificada como a própria doença. A verdadeira constatação da insanidade mental de um indivíduo só pode ser feita por especialistas em psicopatologia.

Algumas visões sobre loucura defendem que o sujeito não está doente da mente, mas pode simplesmente ser uma maneira diferente de ser julgado pela sociedade.


(wikipédia)

...fanatismo...


O heroísmo é uma ocupação mal remunerada, que amiudadas vezes conduz a um fim prematuro, e por isso atrai pessoas fanáticas ou com um doentio fascínio pela morte.


Isabel Allende


...preconceito...


"...O amor é uma espécie de preconceito.

A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem,

ama o que é conveniente.

Como pode dizer que ama uma pessoa

quando há dez mil outras no mundo

que você amaria mais se conhecesse?

Mas a gente nunca conhece..."


(Charles Bukowski)


...cá dentro...


"Estou à espera do último pôr do sol, prefiro o silêncio a todas as palavras do mundo, não sei o que se passa mas não suporto a ferida que as tuas fugas me provocam..."

"O amor de que fugi existiu. Pode parecer-te, às vezes, pouco recordado, destruído pelo meu medo e pela sucessão dos dias..., indiferença, nunca terás. Vazio, solidão, lágrimas, abandono, posso agora compreender um pouco tudo aquilo que sentiste, mas se algum resto de amor permanece em ti, peço que me deixes voltar a não ter dor."

"...não andarei em busca da razão do teu suicídio, morreste porque já não aguentavas mais a pressão da vida, vais aparecer outra vez nos sonhos a ensinar-me a esconder, a fugir de dentro de mim e a encontrar alguém."

"...não aguentaste o peso da noite e te deixaste também invadir pelas sombras da madrugada, quiseste morrer sem doenças e sem explicar porquê..."

"... devem saber que ela viveu em mim mas partiu, não me quero perder no passado, não desejo que regresses nunca, preciso esquecer os teus olhos, e a tua boca, procurar o fim das palavras..."

"Se ainda me amas liberta-me,..., perdoa ter fugido, esclarece os meus pais que ao menos uma noite te fiz feliz."

"Não, não podia ter evitado a tua morte. Havia um inferno dentro de ti que me assustava, nunca o quiseste partilhar comigo, como era possível abraçar-te se sufocava, perigos, outro alguém que gostaria de ter amado e esqueci, desespero, escuridão, a imagem do teu corpo na escada interior da casa..."

"Quis guardar-te junto a tudo o que tenho cá dentro, bem perto do mais íntimo que possuo. Sei que não vou voltar a ouvir os teus passos de amor no silêncio da noite, a vida agora tão inquieta pesa nos meus ombros, estou cansado de chorar a raiva de teres partido, mas quero que saibas que não te esquecerei."


alguns excertos do livro "Tudo o que temos cá dentro" de Daniel Sampaio

“... é sobre o suicídio mas não só. É também sobre o amor ou a falta ou medo dele, sobre a família e a impossibilidade de comunicar, sobre a forma como as vivências de e com os nossos avós nos podem marcar a ferro e fogo, de como é vital ter sempre um amigo..."

...ausência...

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.

Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.

A ausência é um estar em mim.

E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Ausência- Carlos Drumond Andrade

...esquecimento...



"Não existe o esquecimento total...
as pegadas impressas na alma
...são indestrutíveis!"

14/02/2009

...perfeição...

O que me tranquiliza é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.

O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fracção de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exactidão.

Pena é que a maior parte do que existe com essa exactidão
nos é tecnicamente invisível.

O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição.

"a perfeição"
Parceria Clarice Lispector e Antônio Damázio

13/02/2009

...Que(m) sou...

"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome,
essa coisa é o que somos."

"Ensaio sobre a cegueira"
José Saramago

Eu não quero saber quem sou... Isso eu deixo para quem convive comigo... Não quem não me conhece pode descrever-me ou sentir como suas, ou para si, as minhas palavras... CHEGA!!! Não quero saber o que tenho que fazer para agradar aos outros... Apesar de tentar não desagradar ... não suporto quem diz que é isso que EU tenho que fazer...


Este é o meu espaço, onde eu deixo o que me apetece, e não traduz nada de mim, nem como sou, e nem o que sou...

Desfragmentados somos todos, por isso... apenas alguns fragmentos podem ser identificados mas, nunca...
Nunca ninguém ouse dizer-se conhecedor de mim... Isso, nem eu me atrevo...!!!
Aqueles que por esta passagem me "tocarem"... saberão disso...!!!...
Os outros que se toquem...!!!...


Malu, oui C`est moi

... não foi ...


E...
Ainda não foi desta!

Sem comentários...!
Algo vai mesmo mal, no sistema de saúde em Portugal.

A viagem foi de ida, e volta... e sem mais, continua tudo suspenso, inclusivé, toda a nossa fé, toda a nossa capacidade de perdoar ao sistema e de volta a acreditar, voltou tal como nós, à estaca zero...

E... foi mesmo.... fomos ali ao Porto, num instante, e já voltámos.
Contado ninguém acredita...por isso nem vou gastar o meu latim...

Guardo apenas deste dia, aquela frase que me disse alguém, que nos acompanhou e que ao inicio não queria mas ao fim já compreendia:

Vivemos num país que não existe...
E somos um povo de faz de conta...!!!

O pior, é que nem todas as historias, têm finais felizes...

11/02/2009

...Viagem...


"A vida é uma viagem com muitas «partidas».
É preciso caminhar sempre a crescer e experimentar todo o amor e a alegria que o Senhor preparou para cada um.
Mas, como em todas as viagens, a alegria e a paz descobrem-se, muitas vezes, precisamente no meio das tempestades da vida.
A presença de Jesus é como o farol que ilumina a noite e indica sempre a direcção certa a tomar."

in
«Ideias.com»

Vai com Deus mamã...
Que se Ele está em todo o lado...eu irei contigo...!!!


(vamos ali até ao Porto...e já voltamos)

08/02/2009

...nuvens...


O princípio da incerteza está naquele ponto em que
somos dominados pelo medo, em vez de vencidos pela vontade...

É alternando os dois que se vai....
E o caminho como dizes, faz-se...indo...

...O Tempo não existe...


Até que ponto você pode estar certo que vivenciou o que tem como passado?
Se o que você tem são lembranças, você está certo de que tudo aquilo que tem como lembrança foi realmente vivido?
A existência de passado/presente/futuro está apenas ligada a uma cadeia de recordações.
O passado é uma lembrança, não existe de fato, é uma informação na sua mente.
O presente não existe porque já passou, a cada momento, o que se pensa sobre o presente já virou passado, virou uma informação, uma recordação breve...
Existe o futuro, isso que está vindo a todo momento e se confunde com o presente... o futuro próximo, futurinho como eu penso, futuro-presente...
O futurão, futuro lá na frente, também não existe, é só uma idéia na nossa cabeça, que vai ligando alguns fatos, desejando coisas e juntando tudo pra formar uma idéia do que será daqui a algum tempo, e o que quase nunca sai do jeito que imaginamos.
Só existe esse momentinho presente-futuro, ou futuro-presente, isso que está vindo e acontecendo, talvez simplesmente presente mesmo, sem se racionalizar a respeito do que é, porque senão já passou...
O tempo não existe, é só uma criação da mente humana para se sentir segura a respeito de seus "bens" (lembranças, dados, cacarecos, lixos etc)...
Erika Focke in http://geekgirl.multiply.com/journal/item/5/5

...cuida de mim...

Sou feito de sentimentos, emoções, de luz, de amor.
Sou a voz que você ouve quando pede um conselho, sou quem te toma nos braços quando necessita, talvez, agora, enquanto lê essas palavras, eu esteja aí, ao seu lado, olhando dentro dos seus olhos como quem quisesse enxergar o que teu coração demonstra.
Mais tarde... à noite, quando você se deita... sou quem nina seus sonhos sentado ao seu lado esperando você dormir... dizendo que tudo vai ficar bem.
Se ao menos você pudesse me perceber, se notasse o que sinto ao seu lado... basta você querer, basta por alguns instantes esquecer seus problemas, fechar os olhos, como se nada mais existisse, me deixe chegar perto de ti... te abraçando... sinta meu coração batendo ao compasso do teu... sinta que não está sozinha, nunca esteve!
Apenas esqueceste de olhar mais com os olhos do teu coração... então abra os olhos... veja os meus... me conheça.
Quem sou eu pra pedir para que me note?
Apenas um anjo que se deixa levar por suas emoções, que desconhece o que é errado... se entrega, se rende... vagando por estrelas, nuvens, pelo céu escuro da noite... olhando pelos outros, despertando amores, anseios, paz nas almas que fraquejam, sentado ali de cima olhando você... te observando... deixando, às vezes, uma lágrima cair e se fazer uma gota de sereno que te toca os lábios... lágrima essa por não poder nada mais que apenas te ver... sentir sem poder tocar.
Manifestando através de pequenas coisas, como um sorriso sincero nos lábios de alguém que você não conhece, o toque de uma criança a te fazer carinho, palavras escritas nas páginas de um livro que te chamam atenção, palavras que mexem e emocionam o coração ditas do nada, como um sussurro em seu ouvido... e se um dia uma brisa leve e suave tocar seu rosto, não tenha medo, é apenas minha saudade que te beija em silêncio.
Os humanos têm um hábito muito peculiar de julgar seus semelhantes por sua aparência, de rotular pessoas as quais nunca viram... apenas pelo modo como ela se apresenta... porém, consigo ver dentro de cada um o que realmente são... e me assusto algumas vezes em como podem os humanos deixar-se levarem por embalagens, por invólucros... deixam de terem muitas vezes ao seu lado verdadeiros tesouros, amizade sincera, lealdade, companheirismo... simplesmente por não terem gostado do rosto do indivíduo.
Imagine uma roseira cheia de espinhos, ninguém acreditaria que dela pudesse brotar uma rosa tão bela, sensível e delicada.
É do interior que nascem as flores. Pude conhecer seu interior... me deparei com uma flor linda... e com muitas qualidades. Se preserve assim... muitas vezes é melhor sermos o que realmente somos... a viver como as pessoas acham que deveríamos ser...
Não existe ninguém melhor, ou pior que ninguém... apenas diferentes umas das outras e essas diferenças são que mostram quem realmente você é.
Fico assim... dizendo as coisas que me aparecem dentro do peito, contando o que se passa em mim, como se estivesse desabafando... pois Deus nos fez para cuidar dos outros... e quem cuidará de nós?Continuarei aqui... meio que escondido, ao teu lado, te olhando, te sentindo... esperando para que um dia você deixe seu coração "olhar" e me ver... daí, enfim, poderia eu mostrar o quanto você é especial pra mim.
Um poema deixado no ar, palavras implorando para viver como uma estrela que o dia não vê e que espera a noite chegar para poder mostrar-se, a canção de amor que sai da sua boca... são as coisas que sempre sussurro ao seu coração, tento traduzir emoções que nunca senti antes, algo realmente novo pra mim, paz, atracção, paixão, amor, algo especial... sincero... verdadeiro...

Carta de Seth - Cidade dos Anjos

07/02/2009

... Ser ...


A difícil arte de Ser


"O que nos mata devagarinho por dentro

é não viver a loucura do momento,

é a angústia de não experimentar o fruto proibido,

é a melancolia da saudade de um beijo,

é o abismo da paixão impossível.

O que nos mata devagarinho por dentro

são os sonhos desfeitos no caminho da vida.

O que nos mata devagarinho por dentro

é o vazio provocado por um desejo apagado,

é a negação da vontade escondida num olhar,

é a impotência para agarrar a beleza perdida no tempo.

O que nos mata devagarinho por dentro

é a ausência da aventura de ser."



Mónika in http://www.palavrascriativas.blogspot.com/

06/02/2009

...telepatia...

Telepatia é

"a capacidade de controlar qualquer função mental do cérebro,
ouvir pensamento de outras pessoas,
fazer varredura da memória de outras pessoas
e enviar reflexões espíritos directamente para outras..."

"Diferente da maioria dos outras ocorrências aparentemente sobrenaturais, a menção da telepatia é bastante comum em textos históricos.

Na Bíblia, por exemplo, alguns profetas são descritos como tendo a habilidade de ver o futuro (precognição), ou conhecer segredos íntimos das pessoas sem que as mesmas os tenham dito.

Na Índia também existem diversos textos falando sobre a telepatia como uma sidhi, adquirida pela prática do ioga etc.

Mas o conceito de receber e enviar mensagens entre pessoas parece ser algo relativamente moderno.
Neste conceito existe um emissor e um ou vários receptores."

http://www.youtube.com/watch?v=ScYapmh58dc

sim...
mesmo com tudo o resto, e toda esta distância,
sei que sabes de todos os meus segredos...

04/02/2009

...fim...


Neste infinito fim que nos alcançou
Guardo uma lágrima vinda do fundo
Guardo um sorriso virado para o mundo
Guardo um sonho que nunca chegou

Na minha casa de paredes caídas
Penduro espelhos cor de prata
Guardo reflexos do canto que mata
Guardo uma arca de rimas perdidas

Na praia deserta dos dias que passam
Falo ao mar de coisas que vi
Falo ao mar do que conheci...

No mundo onde tudo parece estar certo
Guardo os defeitos que me atam ao chão
Guardo muralhas feitas de cartão
Guardo um olhar que parecia tão perto

Para o país do esquecer o nunca nascido
Levo a espada e a armadura de ferro
Levo o escudo e o cavalo negro
Levo-te a ti... levo-te a ti...

levo-te a ti
para sempre comigo...

Na praia deserta dos dias que passam
Falo ao mar de coisas que vi
Falo ao mar do que nunca perdi.

Fim (Dias Que Passam) Toranja

...falta de ti...


"Sempre fui nostálgica,

sobretudo do que não chegou a acontecer.

Dos deslumbramentos a haver."


Inês Pedrosa in Fazes-me falta

Que fazer...



Que fazer...

Quando olhas à tua volta
e não vês mais que nada?

Quando as tuas opções são tudo,
menos aquilo que tu realmente queres?

Quando o que te é sedutor,
é também o que te está vetado?

Que fazer...
Quando olhas à tua volta
e só sentes vontade de entrar onde ninguém te encontre
e permanecer ali para sempre?

Quando queres fugir,
mas sabes que aquilo de que foges
acabará por chegar devastadora, terrível?...

Quando a dor já faz parte integrante de ti,
que já lhe conheces todas as fases?

Que fazer...
Quando sabes que a única saída é escrever,
e não consegues fazer mais que juntar palavras desconexas,
que nem sentido têm?


Ib - Poema ao acaso


...tudo...



Tenho Procurado tantas vezes
Um resto de amor que tive de ti
P'ra que o sofrimento de perder-te
Seja bem menor ... no fundo de mim

O melhor de nós dois ja procurei
Mas só recordacões encontrei
Levaste tudo o que me deste
Só a saudade aqui ficou, mais nada
Levaste tudo só esqueceste
Aqui esta dor, nada mais ficou...

Tenho procurado tantas vezes
Sinais de paixao que contigo vivi
P'ra quando a solidao mais me atormente
Eu tenha a ilusao que ainda estas aqui
O nosso sonho ja procurei
Mas só recordaçoes encontrei

(levaste tudo o que me deste - T. Carreira)

...na lama...


Chove...

Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve senão eu?

Chove...

Mas é do destino de quem ama
ouvir um violino até na lama.

(Chove - José Gomes Ferreira)

03/02/2009

...ás vezes penso...


Às vezes penso que estou sonhando
Revendo imagens que se perderam
Às vezes vejo você chegando
Me dando um beijo
E me deixando só
Às vezes penso em você sem querer
E assim volto a viver
Outra vez a paixão
Dos que amam sem saber
Sem poder prometer
Se existe um amanhã meu amor

Às vezes chego até mesmo a sentir
O teu corpo em minhas mãos
E te ouço pedir pra fazer o que eu quiser
No prazer de te amar até cansar

Às vezes acho que é só um sonho
Que na verdade preciso acreditar
Às vezes, quero voltar a viver o passado
E começar nosso amor outra vez
Pra poder fazer as coisas
Que a gente não fez
E te amar ainda mais ... muito mais que te amei...

Roberto Carlos

(Composição: Eduardo Lages - Paulo Sérgio Valle)

...demais...

Leiga de tudo num cepticismo total
Preciso alentar o pulsar da vida
Quero um abraço forte que seja teu
Não consigo destilar tanta secura
Volto a ser aprendiz, recapitulo a matéria
Diz-me por favor outra vez que me adoras
Recorda-me por favor outra vez,
o curso da cura
Desta enfermidade de tanto te querer
Desta fraqueza de tanto me amargurar
Estar longe de ti, sem saber quando perto
Estar aqui e agora, sem saber como ou quando

É demais até sempre
È demais até nunca mais
È demais... mais um adeus

Todo o amanhã será sempre longe demais

Se eu morresse amanhã, seria um lindo dia

e já seria , tarde demais…!

Malu , Alcobaça 3 de Fevereiro de 2009

...aurora...

AURORA FILME-CONCERTO

Considerada uma obra-prima absoluta do cinema e um dos mais belos filmes alguma vez feitos, "Aurora" é um prodígio visual e narrativo que continua a entusiasmar espectadores e comunidade cinéfila ao fim de mais de oito décadas.

O filme-concerto agora proposto pretende, para além de transportar para o presente uma técnica comum aos primórdios do cinema, a interpretação ao vivo de uma banda sonora durante a exibição de filmes mudos, recuperar uma relação com o público sugerida pelos diversos ambientes e elementos sonoros que acompanham as emoções transmitidas pelas imagens, reavivando (tal como a história de amor do casal de personagens) o sentimento por esse verdadeiro programa de paixões que é o cinema.

François Truffaut chegou mesmo a elegê-lo como "o mais belo filme de todos os tempos".

TITULO ORIGINAL Sunrise
DE F. W. Murnau
COM George O'Brien, Janet Gaynor,
Margaret Livingston, Bodil Rosing
EUA (1927) PB
35MM

MÚSICOS

Nuno Costa guitarra e laptop
Óscar M. Graça teclados e laptop
Bruno Margalho saxofone

(Quem quer ir com a carochinha ?!)

CINE-TEATRO DE ALCOBAÇA
Preço: 5€
OFERTA DE 1 BILHETEÀ SUA ‘CARA METADE’
in

...Perseguição...


Perseguição
... um sentimento, sensação, uma ideia vaga
... uma coisa má que o pensamento não larga
... uma coisa boa que o sofrimento desvia
... mania...?! Talvêz não...
eu persigo o meu amor, que se desvia
por seu lado sou perseguida
pela dor
pelas pessoas que não têm nada a ver com essa dor,
ou com esse amor
pelas ideias que não alimento, nem gemino
mas que teimam em atribuir a mim
eu quero o meu amor
não quero mais nada...
será egoísmo
será sina ?
Que perseguição...!!!

...me morro...


Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.

Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te, como um cego.

Talvez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor, a sangue e fogo.


(P.Neruda)

...pin...

la vie ne vaut d`être vécue
sans avoir été gourmand
de ce qu`elle offre



(Emmanuel Wathelet)

...não vale a pena...


Ficou difícil
Tudo aquilo, nada disso
Sobrou meu velho vício de sonhar
Pular de precipício em precipício
Ossos do ofício
Pagar pra ver o invisível
E depois enxergar

Que é uma pena
Mas você não vale a pena
Não vale uma fisgada dessa dor
Não cabe como rima de um poema
De tão pequeno
Mas vai e vem e envenena
E me condena ao rancor
De repente, cai o nível
E eu me sinto uma imbecil
Repetindo, repetindo, repetindo
Como num disco riscado
O velho texto batido
Dos amantes mal-amados
Dos amores mal-vividos
E o terror de ser deixada
Cutucando, relembrando, reabrindo
A mesma velha ferida
E é pra não ter recaída
Que não me deixo esquecer

Que é uma pena
Mas você não vale a pena

Não Vale A Pena
Maria Rita
Composição: J. E P. Garfunkel

...vontade...

Tantas contendas, tremendamente fechadas
Tantos dias carregados de prosas amargas
Não me roubes a bravura de chegar ao fim
Quero paz, amor, quero atracar em ti
Tanto encalço e não declaras a sentença

Tanto juízo e mais esteios para deixar
O que é nosso, e resiste a cada aterrar
Tanta distância transmutada em medo
Tanto trânsito a palmilhar e achegar
Nesse nó que apega e preenche o sentir

Não escoro mais mutismos escusos
Feridas, do desmaio ao gesto agredido
Quero olhar para ti e ver o sol a entrar
Quero o amor que te sei no coração
Tamanho e tão demovido que arrefece a crença

Se a nossa ânsia é estacionarmos juntos
Tal que ambos dolorosamente almejamos
Revira do avesso o nosso cosmos e expira
Se estacares ao meu lado, é tão mais franco
Se me consentires do teu lado, é tão mais claro

Custa tanto sem ti, este caminho
Custa tanto ver-te abstrair da escuridão
Parece que a saudade mata

Custa tanto sem ti perdoar a dor
Custa tanto ver -te varrer a chama que queima
Parece que a vontade aparta

Malu

Alcobaça 3 de Fevereiro de 2009

02/02/2009

...há...


Há uma coisa
Que não se chama nada
Apenas vive e resiste
Dentro e fora de nós

Pode ser querença
Mas não se deixa sentir
Pode ser castigo
Mas não se deixa culpar
Pode-se contestar
Mas não se deixa acontecer
Pode se diminuir
Mas não se deixa crescer
Pode se conter
Mas não se deixa aliviar
Pode-se vociferar
Mas não se deixa entender
Pode-se apelidar do que quiseres
Mas não se deixa deslindar

Só não se pode fugir
Porque mais à frente no atalho
Ela vai nos seguir

Há uma coisa
Que não se chama nada
Apenas vive e resiste
Dentro e fora de nós

Não a deixes repousar
Só a podes deixar ir
Não a deixes voar
Só a podes nutrir
Não a deixes bater
Só a podes conquistar

Só não se pode combater
Porque de cada vez que se esquiva
Ela vai nos desmentir

Há uma coisa
Que não se chama nada
Apenas vive e resiste
Dentro e fora de nós

Só tens que acreditar
E não deixar-me descrer

Malu, Alcobaça, 2 de Fevereiro de 2009