cito e subscrevo:
Amar é dar,
Amar é dar,
derramar-me num vaso que nada retém
e sou um fio de cana por onde circulam ventos e marés.
Amar é aspirar as forças generosas que me rodeiam,
o sol e os lumes,
o sol e os lumes,
as fontes ubérrimas que vêm do fundo e do alto, água e ar,
e derramá-las no corpo irmão,
no cadinho que tudo guarda e transforma
para que nada se perca e haja um equilíbrio perfeito
entre o mesmo e o outro que tu iluminas.
Dar tudo ao outro,
dar-lhe tanta verdade quanta ele possa suportar,
e mais e mais;
obrigar o outro a elevar-se a um grau superior de eminência,
fulguração,
mas não tanto que o fira ou destrua em overdose
que o leve a romper o contrato
— o difícil equilíbrio dos amantes!
Amar é raro
porque poucos somos capazes de respirar
as vastas planícies com a metade do seu pulmão;
e amar é raro
porque poucos aceitam a presença do seu gémeo,
a boca insaciável de um irmão
que todos os dias o vento esculpe e destrói.
(Casimiro de Brito, in 'Arte da Respiração')
(Casimiro de Brito, in 'Arte da Respiração')
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