04/12/2008

...verdade...


Parece que não é possível…
Tanta água que cai do céu…
E o meu corpo seco…a minha mente encolhida
Sinto a minha força desmesurada, esgotada
Meu sangue apertado, num alvéolo raquítico

Parece que não me ouves…
Tanto amor que tenho em mim...
E o meu coração chora … nem pulsa nem pára
Sinto a minha coragem colossal, enclausurada
Meu sorriso estancado, num rio desaparecido

Parece que não me amas...
Tanta alegria que dás e tiras...
E os meus dias passam… nem são nem deixam de ser
Sinto a minha esperança desmedida, desenganada
Meu olhar esquecido, num gelo desumano

Parece que não tem fim...
Tanta promessa que sai de nós...
E os meus soluços emperram… nem lágrimas mais têm
Sinto a minha paridade genuína, confundida
Meu ar asfixiante, num cinzento remanso

Parece que não há luz...
Tanta alforria que me prende aqui...
E o meu ser aparta-se … nem pula nem cresce
Sinto a minha estrada infindável, interrompida
Meu viver perdido, numa verdade adiada...


Alcobaça, 4 de Dezembro de 2008
Malu

1 comentário:

José Alberto Vasco disse...

Nunca são as coisas mais simples que aparecem
quando as esperamos. O que é mais simples,
como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos, não se
encontra no curso previsível da vida. Porém, se
nos distraímos do calendário, ou se o acaso dos passos
nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras. Nada do que se espera
transforma o que somos se não for isso:
um desvio no olhar; ou a mão que se demora
no teu ombro, forçando uma aproximação
dos lábios.

Nuno Júdice