novo canto, onde se aloja o outro o o mesmo "eu"
ou simplesmente um novo blog
visitem http://www.marta-luis.blogspot.com/
`Ninguém gosta de estar sozinho por muito tempo!´
"... as reticências são os três primeiros passos do pensamento que continua por conta própria o seu caminho..." Quintana
Ninguém é dono da tua felicidade,
por isso não entregues a tua alegria,
a tua paz,
a tua vida nas mãos de ninguém,
absolutamente ninguém.
(Aristóteles)
Sei que aqui virás pelo menos uma vez, e saberás, porque nunca mais eu voltarei...
Porque foi essa a tua vontade, porque preferiste silênciar-me e dar as tuas palavras a outras pessoas que agora admiras, e continuar a dar a outras pessoas que já antes amavas...
Com o tempo e espaço que livremente arranjaste para os outros deixou de haver tempo e espaço forçado para mim aqui, de onde leváste tudo o que era teu e deitáste fora sem devolver uma única palavra...
Devolvo-te as lágrimas. As que dizes que alguma vez choraste, por sentir quem sabe saudade de mim, e encerro este blog...
Até depois da morte de tudo o que me fizeste sentir... até lá nada mais me chama aqui.
Depois de muitas reticências e ponderação "fecho a porta a onde não mais quero entrar" onde tudo o que me faz lembrar de ti me fere com a mentira que foste até hoje, e abro uma nova janela... porque depois de ti ainda sobra muito de mim...
Mas nunca mais aqui...nunca mais pra ti...
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo meu sonho,
dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
A estranha forma que tomam
as nossas atitudes,
quando não pensamos
ou achamos que pensámos tudo.
Esqueci-me que existe uma pessoa
e um coração que talvez não perdoe,
esqueci-me que gostava de ti como amiga
porque eras assim,
fria como um icebergue à deriva num oceano de gente,
meiga como uma pessoa carente,
eras previsível sem o saberes
mas eu gostava de tudo isso.
Mas depois de me enjaulares
e depois de me mentires
eu não conseguia estar contigo,
não porque te odiasse
nem porque quisesse estar longe de ti,
mas porque esperava que as minhas despedidas
te levassem à procura de algo
que te levassem a perceber o errado
que tudo isto estava.
Mesmo que errado,
mesmo que estúpido.
Não aconteceu,
em ti continuou a existir uma pessoa fria
de ti vieram exigências,
quiseste transformar algo
numa farça fútil, como não mais amigos,
mas como estranhos que só dizem “olá”,
mas um “olá” bonito,
como se essa fosse uma categoria
de pessoas que te preenchem
logo a seguir às pessoas a quem dizes um “olá” simples,
quiseste que todos pudessem apreciar
a nossa troca de vulgares “olás”.
- ‘Deixei de te procurar, depois de me “enjaulares”.’
- ‘Estás bem com isso?’
- ‘Estou.’
- ‘Eu também.’
E depois um adeus que ditou um inicio,
não se criou um ódio só que tu és Catarina.
E hoje só o destino nos encontra,
enquanto tu te mergulhas na podridão
dessas pessoas, perdão desses tristes,
que escolheste para te rodearem,
tal qual rainha que na ausência de um rei
escolhe, moribunda e cega, uma corte cheia de caprichos.
"O Verão começou naquela tarde, depois de um quarto de hora de Primavera, aproximadamente. Perguntei a Erika se queria casar comigo. Respondeu-me que Haldred nunca lhe daria o divórcio."Abri, e li o segundo parágrafo...
"Amava-a de uma forma desalmada mas não lhe podia querer mal, disse ela, pois tinha feito tudo para isso."Bastou pra me convencer... e já tinha outros na mão, que ficaram pra trás, na lista de prioridades de leitura...
"-Um amor como o nosso diz Erika, tanto pode continuar como acabar. Que importa? O importante é que tenha existido. Se fossemos imortais desejaria que o nosso amor também o fosse, mas como não é o caso..."
"Não, eu não queria dormir com ela. Foi sem dúvida essa a razão que fez com que ela depois me amasse tanto. por uma vez um homem não quisera dormir com ela."
"Perguntou-me se eu pensava muitas vezes nela. O que as feministas têm de aborrecido é que querem tanto estar em pé de igualdade com os homens que estes deixam de poder comunicar com elas, porque comunicar consiste justamente em dominar, ser dominado, usar de todas as artimanhas, violar, esmagar, oferecer-se, abandonar-se. A comunicação não é inofensiva, é amor, e no amor é preciso ser fraco."
"A questão de fazer ou não fazer amor não se coloca quando se deseja assim.(...)Mais do que fazer amor vivemos no interior do sexo como os leões vivem na selva. Entrámos no sexo e ele fechou a aporta atrás de nós e demo-nos então conta de que não era no sexo que nos encontrávamos mas no paraíso."
"O que é bom, quando acariciamos a mulher que amamos é que temos toda a eternidade à nossa frente."
"A voz é metade de uma mulher. Como se toda a vida nos fôssemos preparando para sermos cegos, guiamo-nos pelo som. A primeira coisa que fazemos não é olhar para uma mulher, mas ouvi-la. E só se a flauta de Pan que tem no lugar da boca nos encanta, é que começamos a olhar para ela. Aquilo que me seria mais difícil separar, se algum dia a Erika me deixasse, seria da sua voz."
"Tantas vezes a beleza zombou de nós que no dia em que ela nos contempla só somos capazes de pensar que não se trata com certeza de beleza."
"Em matéria de amor não há encontros, há apenas reencontros."
Mais valia ler- te o livro inteiro não?!..." O ser humano tem muitos vícios, disse Erika, mas deixar-se amar por alguém que não se ama é o pior de todos, e é precisamente esse o meu."
"Dois rios que se entrelaçam. Peixes correndo uns para os outros. Espuma. O nosso repouso, como se já antes tivéssemos partilhado o leito de cem noites. Começámos por não ter nada a dizer um ao outro - antes que as suas palavras e as minhas se fundissem umas nas outras. Fusão através do verbo que desabrocha como nunca antes. As nossas histórias que, para se encadearem, revolvem o passado no desejo de encontrarem laços. O que fizemos a dois quando ainda nem sequer nos conhecíamos."
Assim como do fundo da música
brota uma nota
que enquanto vibra cresce e se adelgaça
até que noutra música emudece,
brota do fundo do silêncio
outro silêncio, aguda torre, espada,
e sobe e cresce e nos suspende
e enquanto sobe caem
recordações, esperanças,
as pequenas mentiras e as grandes,
e queremos gritar e na garganta
o grito se desvanece:
desembocamos no silêncio
onde os silêncios emudecem.Octavio Paz, in "Liberdade sob Palavra"
Tradução de Luis Pignatelli
Ter um sonho, um sonho lindo,
Noite branda de luar,
Que se sonhasse a sorrir...
Que se sonhasse a chorar...
Ter um sonho, que nos fosse
A vida, a luz, o alento,
Que a sonhar beijasse doce
A nossa boca... um lamento...
Ser pra nós o guia, o norte,
Na vida o único trilho;
E depois ver vir a morte
Despedaçar esses laços!...
...É pior que ter um filho
Que nos morresse nos braços!
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