Foto de Mariah em
assim me habituei a morrer sem ti
mais nada se move em cima do papel
nenhum olho de tinta iridescente pressagia o destino deste corpo
os dedos cintilam no húmus da terra
e eu indiferente à sonolência da língua
ouço o eco do amor há muito soterrado
encosto a cabeça na luz
e tudo esqueço no interior dessa ânfora alucinada
desço com a lentidão ruiva das feras
ao nervo onde a boca procura o sul e os lugares dantes povoados
ah meu amigo
demoraste tanto a voltar dessa viagem
o mar subiu ao degrau das manhãs idosas
inundou o corpo quebrado pela serena desilusão
assim me habituei a morrer sem ti
com uma esferográfica cravada no coração
(Al Berto)
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