10/11/2009

... fácil de odiar...



Não te parece que o mundo roda ao contrário? Não te parece que há algo que deixou de funcionar? Um dos pilares ruiu. Sinto que o fim está próximo..
Não posso pensar mais, não posso falar mais. Dou as boas vindas ao silêncio. A solidão, que sabe tão bem ser minha companheira, alojou-se no coração. O escuro, onde choro lágrimas incolores e sentidas, é um simples protector dos atentados que cometo sobre mim. O silêncio... É o mais pesado.

Olha para mim... Olha para o que ficou... E não digas nada... Não quero ouvir, não quero que fales só por falar. Não quero favores. Mas não te parece que o universo engoliu a Terra? Não te parece que os relógios pararam e que tudo o resto não passa de ficção? Houve alguém que se cansou da vida que não tinha, dos sonhos que não passavam de sonhos...
Houve alguém que desistiu... Eu? Porque não? Porque não poderei fazê-lo?
Tu desistes de mim e eu desisto de mim... Já que não sei desistir de ti.
Se vires bem, se leres com atenção, sou mortal como tu mas há muito tempo que deixei de viver.
Parece história... Parece mentira!!! Nunca pensei... Talvez devesse ter pensado...
Mas não pensei que pudesses ser a pessoa que mais amo e que mais odeio.
Como é estranho... Como é improvável... Como é desagradável o raio dos sentimentos!

Que estou eu a escrever? Eu não te odeio... Talvez fosse mais fácil odiar do que amar.
E eu sei que não sou perfeita, não sou (embora queira ser) aquela alma sábia.
Não sou como tu...
Onde é que errei? Saberás? Onde é que falhei? Respondes?
Onde é que me enganei? Talvez ao pensar que serias para sempre meu.
Sempre foste meu... De uma maneira que só eu sei ter. Da mesma maneira que, talvez, nunca aceitaste.

Há tanta coisa que não sei. A palavra "talvez" começa a parecer-me insuportável... A expressão "não sei" ultrapassa os limites da minha ignorância. Só tu és dono da verdade. Só tu sabes o "porquê". Só tu tens a chave para este desespero onde vivo trancada.

Dá-me uma hipótese... E não irei falhar. Não irei decepcionar-te.
Sou tão ridícula... Tão parva!
Onde é que quero chegar com tudo isto? A ti?
O que estou a fazer só me condena mais... Só me faz recordar mais de ti e mais e mais e mais...
Até que ponto irei aguentar? Acho que o deixei de fazer há muito, muito tempo.

De qualquer maneira, e porque já me começa a meter uma certa impressão, terei de dizer-te o quanto continuas a ser importante.
Não o vou fazer de ânimo leve. Irei ter horas de sufoco a pensar na tua reacção...
Não poderia ser mais fácil?
Somos pessoas... Nada do outro mundo!
Somos pessoas... Que ideia mais idiota!
A ideia de dizer-te...
Vais condenar-me? Não o podes fazer pois já atingi o meu limite.
Agora, tudo o que vier é tudo o que virá. Pior não fica, disso tenho a certeza.

Não sei nada de ti e, não saber nada de ti, é mau. Pior do que isso, é saber demasiado de mim.
É saber que não vivo sem ti. É saber que me afundo um pouco mais em cada dia.
É ter a certeza de que não sou capaz de seguir um caminho... Seja ele qual for.
O meu caminho és tu e ponto final. Ponto final... Sem paragrafo nem travessão. Pois é em ti que a minha vida começa e acaba ao mesmo tempo. É em ti... E é absurdo ainda não o saberes... Depois de tantas vezes eu o ter dito!

Em que dia? A que horas? Virás cá... A mim só me interessa que venhas...
Nem quero saber do que tenhas para dizer... Seja bom ou seja mau... Apenas interessa que saibas... É sempre o que me interessa: Que saibas, pois mereces sabê-lo. Tens de saber... Saber que isto ainda não acabou... Nem tão cedo acabará. Simplesmente, tens de saber. E tudo o resto deixará de existir.

Não vou querer estar à tua frente, posso até nunca mais te ver. Isso fica em segundo plano. O importante é saberes... Até porque eu não tenho nada a esconder. Nunca tive...

E há mais:
Mesmo que já saibas tudo isto, aposto que não sabes que eu escrevi o teu nome no céu.
Era noite, estava frio, era tão escuro... Mas uma luz brilhava o suficiente para que eu o conseguisse fazer...
Era a luz da esperança... Nunca perdi a esperança. E foi então que eu escrevi o teu nome...
Apenas o primeiro... Não esqueci que não gostas do segundo. Rápido, sem meias medidas, sem prestar muita atenção à letra... Escrevi o teu nome no céu. É pena que não o tenhas visto.
Nessa noite dormi com algum do descanso que tão bem anda perdido. Nessa noite sonhei contigo... Como sempre... Mas foi um sonho bom... Um sonho que me fez acordar lavada em lágrimas... De felicidade!


Felicidade?  Que ridícula... Sei lá eu o que é felicidade.
Então, diz-me:  Não sou tão fácil de odiar?


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