13/10/2009

...A Eterna Ausência...


Eu aguardei com lágrimas e o vento
suavizando o meu instinto aberto
no fumo do cigarro ou na alegria das aves
o surgimento anónimo
no grande cais da vida
desse navio nocturno
que me trazia aquela com lábios evidentes
e possuindo um perfil indubitável,
mulher com dedos religiosos
e braços espirituais...

Aquela mulher-pirâmide
com chamas pelo corpo
e gritos silenciosos nas pupilas.

Amante que não veio como a noite prometera
numa suspensa nuvem acordar
meu coração de carne e alguma cinza...

Amante que ficou não sei aonde
a castigar meus dias involúveis
ou a afogar meu sexo na caveira
deste carnal desespero!...


António Salvado, in "A Flor e a Noite"

3 comentários:

Áurea disse...

Que bonita poesia
Ao passar eu encontrei
Entrei numa corridinha
Mas logo, logo, parei.

Bjo
Áurea

Anónimo disse...

Extraordinária poética de antónio salvado.

Malu disse...

brigada

bj