28/02/2010

... urgente ...


Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.
Clarice Lispector

cá pra mim é urgente... o amor

26/02/2010

...Quero-te bem...


"Já te ocorreu por acaso que a dor dela, pode ser por acaso de não sentir fazer parte da tua vida!?!?!

Bem... é apenas uma hipotese... de alguém que te quer bem!!!! ;) "


Aran

25/02/2010

...valeu...



" Se não houver frutos valeu a beleza das flores.
Se não houver flores, valeu a sombra das folhas.
Se não houver folhas valeu a intenção da semente. "

Maurício Ceolin 

...perdemos...


A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.

Carlos Drummond de Andrade

24/02/2010

... o tempo sem ti ...




não imagines cíume em mim, do tempo que passas a fazer as coisas que gostas e com as pessoas de quem gostas... tem apenas a certeza da dor em mim, do tempo que passa, sem ti

não é intolerável, mas condiciona a minha alegria, cada oportunidade que deixas passar com o tempo, de estar comigo, de me lembrares o amor, de me fazeres sorrir
é apenas mais uma oportunidade que me obrigas a perder, de estar contigo, de te lembrar o amor, de te fazer sorrir

e quando eu já não estiver cá, não terás mais tempo, pra me dar valor
para ti
da xana

23/02/2010

...sombra...


«Quando vemos um gigante, temos primeiro de examinar a posição do sol e observar para termos certeza de que não é a sombra de um pigmeu»

Friedrich Novalis

21/02/2010

...concordo...


imagem : moore - partos de pandora


"não se pode amar o que não se conhece"

...balançar...

a cada momento da minha vida, uma canção para me acompanhar

obrigado



Pedes-me um tempo, para balanço de vida. Mas eu sou de letras, não me sei dividir. Para mim um balanço é mesmo balançar, balançar até dar balanço e sair..

Pedes-me um sonho, para fazer de chão. Mas eu desses não tenho, só dos de voar. Agarras a minha mão com a tua mão e prendes-me a dizer que me estás a salvar.

De quê? De viver o perigo. De quê? De rasgar o peito. Com o quê? De morrer, mas de que paixão? De quê? Se o que mata mais é não ver o que a noite esconde e não ter nem sentir o vento ardente a soprar o coração...

Pedes o mundo dentro das mãos fechadas e o que cabe é pouco mas é tudo o que tens. Esqueces que às vezes, quando falha o chão, o salto é sem rede e tens de abrir as mãos. Pedes-me um sonho para juntar os pedaços mas nem tudo o que parte se volta a colar. E agarras a minha mão com a tua mão e prendes-me e dizes-me para te salvar.

De quê? De viver o perigo. De quê? De rasgar o peito. Com o quê? De morrer, mas de que paixão? De quê? Se o que mata mais é não ver o que a noite esconde e não ter nem sentir o vento ardente a soprar o coração.
balançar - mafalda veiga

17/02/2010

...dá-me a tua mão...


cada segundo que morre eu desejo vivê-lo contigo e cada dia que passa eu desejo morrê-lo connosco. este amor sufoca-me o corpo, deixa-me louca, estrangula-me de incoerência e leva-me ao estado febril do sentimento. já não sei o que fazer ao amor que guardo para to dar, às horas que me concedo a viver-nos secretamente num futuro realista e deveras impossível. há alturas em que penso que mais vale arrastar-me a um enterro rápido do que deslumbrar o que tenho cá dentro sem poder partilhá-lo com mais ninguém. nefastas horas de silêncio onde as interrogações são a única cantiga perfurante no ar negro e irrespirável do quarto. sinto-me uma flor a florescer no meio de um deserto decadente e tu és a miragem da frescura que aos poucos me abandona e que sempre quis para mim. no meio daqueles rostos pintados, daqueles corpos cambaleantes já alcoolizados, daquela gente que cantava o seu sangue português, daquelas ruas dançarinas de desejos apertados, daquelas essências libidinosas das ervas místicas e daquele contacto de gerações numa batalha de sentidos, eu parei no presente medonho e abracei-nos. eu parei quando a movimentação era mais exigida e apertei o meu peito de encontro ao teu reflexo ilusório nesse tempo que não pertence ao presente ilógico e ergui a minha mão que te chamou:


- dá-me a tua.

(Texto da autoria de "ela".
Editado, originalmente,
em Memória Futura)

12/02/2010

Não me compreendes?!


Ser homem é saber que se não compreende...

A metafísica pareceu-me sempre uma forma prolongada da loucura latente.
Se conhecêssemos a verdade, vê-la-íamos; tudo o mais é sistema e arredores. Basta-nos, se pensarmos, a incompreensibilidade do universo; querer compreendê-lo é ser menos que homens, porque ser homem é saber que se não compreende.

Trazem-me a fé como um embrulho fechado numa salva alheia.
Querem que o aceite, mas que o não abra. Trazem-me a ciência, como uma faca num prato, com que abrirei as folhas de um livro de páginas brancas. Trazem-me a dúvida, como pó dentro de uma caixa; mas para que me trazem a caixa se ela não tem senão pó?

Na falta de saber, escrevo; e uso os grandes termos da Verdade alheios conforme as exigências da emoção. Se a emoção é clara e fatal, falo, naturalmente, dos deuses e assim a enquadro numa consciência do mundo múltiplo. Se a emoção é profunda, falo, naturalmente, de Deus, e assim a engasto numa consciência una. Se a emoção é um pensamento, falo, naturalmente, do Destino, e assim a encosto à parede.

Umas vezes o próprio ritmo da frase exigirá Deus e não Deuses: outras vezes, impor-se-ão as duas sílabas de Deuses e mudo verbalmente de universo; outras vezes pesarão, ao contrário» as necessidades de uma rima íntima, um deslocamento do ritmo, um sobressalto de emoção e o politeísmo ou o monoteísmo amolda-se e prefere-se. Os Deuses são uma função do estilo.

Bernardo Soares
in Livro do Desassossego

10/02/2010

...sad...



"...sem palavras... não sei exprimir o que estou a sentir.

O medo... o receio... de um dia te perder por causa de...

não quero!

Não desejo!

Não posso! "



h.  in

02/02/2010

... armadilha dos abraços ...


(escultura de nilza silva)


E de novo a armadilha dos abraços.

E de novo o enredo das delícias.

O rouco da garganta, os pés descalços

a pele alucinada de carícias.

As preces, os segredos, as risadas

no altar esplendoroso das ofertas.

De novo beijo a beijo as madrugadas

de novo seio a seio as descobertas.

Alcandorada no teu corpo imenso

teço um colar de gritos e silêncios

a ecoar no som dos precipícios.

E tudo o que me dás eu te devolvo.

E fazemos de novo, sempre novo

o amor total dos deuses e dos bichos.


 
a minha homenagem a

Rosa Lobato Faria
 
que hoje faleceu em Lisboa aos 77 anos
 
(Actriz, escritora, autora e poetisa portuguesa, 1932- 2010)