30/04/2008

...Enquanto dure...

Para sempre… há quem diga que é tempo demais…

Para mim, o para sempre é sentido quando se diz, ou quando apetece dizer… e só por isso já é válido, e nunca é demais dizê-lo…errado seria cortar essa fantasia logo à nascença.

Sempre que se ama, é sem condições, por isso não se põe prazo, nem se diz, enquanto dure…
Sempre que se ama, julga-se que é para sempre. Então porque não dizê-lo?

Tudo o que é verdadeiramente bom, dura o tempo necessário, para que se torne inesquecível, li algures em parte da vida, o que em parte me marcou e, acredito nisso…

Por isso digo e repito:
Amo-te, e não és o primeiro a quem o digo…
Para sempre, e não sei se serás ou não o último… embora tenha muita vontade de acreditar nisso… e esteja tentada a jurar que sim.

Mas se é enquanto dure… então que dure o tempo suficiente para ser verdadeiramente bom, e que nunca tenha a necessidade de se tornar inesquecível porque quero que seja ainda, e não de lá atrás…por muito tempo, e que esse tempo não me pareça nem de mais nem de menos…

Quando te disse pela primeira vez amo-te, respondeste-me :
Não digas isso, é muito forte…não deve ser dito em vão…blá blá blá…tretas… dias depois amas-me tu, e amas-me hoje, como nunca amaste ninguém na vida…

Agora que te digo para sempre…vais assustar-te outra vez…
Mas eu sei que para ti, é eterno.
Por isso acredito.

Obrigado amor… por me amares, neste para sempre, enquanto dure.

...Males de Amor...


Não há nenhum livro que nos ensine a lidar com os males de amor,
ou se há, não li, ou já me esqueci, ou não aprendi
Não sendo uma doença o amor deixa-nos sempre doentes…


O amor não correspondido destrói-nos a auto estima, já que nunca iremos aceitar, o porquê do outro não nos amar, por igual, o desamor.
O amor ausente, testa todos os limites da nossa resistência, da nossa dor, dói em crescente, saber que o outro nos ama por igual, e que não podemos estar juntos no instante, no presente, no futuro, que nos parece sempre longínquo por menos que seja, até não suportarmos mais essa distância temporal ou geofísica.
O amor louco, possessivo, apaixonado, leva-nos à destruição do amor do outro por nós, quando passa a obsessivo.
O amor ainda não encontrado, desconhecido, é aquela eterna incógnita, tanto de esperança como de desconsolo.
O amor encontrado e perdido, é o pior, o vivido e enterrado, que não encontrou mais substituto que fosse fiel ao original.

Estes e outros, são os males de amor, que não são inferiores aos grandes males do universo. Não os menosprezem, não os minimizem, não os enfeitem de curas que não existem. Sendo nós partículas do todo, só geramos bem, amor, se estivermos bem de amor...

Mas isso não se aprende nos livros;
É preciso cada um de nós sentir o amor, e deixar-se sentir por ele, seja ele de qualquer tipo for, de amor.

Não escolhemos o amor
Mas temos a obrigação, para nosso bem físico, emocional e mental, de saber ou aprender às nossas custas, a lidar com o amor que está ou não presente na nossa vida, em cada fase da nossa existência.
Senão, caímos numa espiral maléfica, apanhados nesses males de amor, e nunca mais, vamos crescer com ele, aprender com ele, viver bem com ele, criar amor com ele... E, à nossa volta, o que temos, é o que somos.

Muito já eu li, já vivi, já senti, já esqueci...e entre tudo o que me falta ainda aprender e o pouco que já aprendi sobre a matéria, não sei como é, como escolher, ou como fugir, mas sei como deveria ser o amor:

Apenas é válido, digno de se manter vivo, um relacionamento de amor seja ele presente ou ausente, se esse amor é capaz de nos transformar num ser melhor, se esse amor nos iluminar e nos levar àquele estado que se chama de felicidade, não plena mas acumulativa de fragmentos plenos da mesma, um amor que seja capaz de nos fazer amar o outro a nós mesmos e ao universo... resumindo, um amor positivo, saudável.
Um amor, ou um relacionamento que nos fecha em nós mesmos, que nos isola do mundo, que só existe para nós, e que nos transforma num ser menos tolerante, menos capaz de partilhar, ou até mesmo de apreciar todo o resto, nos leva a ser menos parte de tudo o que nos rodeia, menos bem, será não saudável...

É isso o que acho, o que partilho e mesmo assim, não cumpro à risca;
Só não sendo o amor uma praga, é que nos podemos deixar contagiar por ele!

PS: estou muito doente amor...vem me salvar!

...Para sempre...


Se eu pudesse gritar...que não posso, correrias para mim ?
Se tivesses a certeza...que não tens, chamarias tu por mim?

Existirá alguma prova,
algum atestado físico, para os sentimentos?
Precisarás tu, de algum certificado
algum argumento válido, para o meu querer?

Descobri entretanto que, não se ama por igual, nunca!

Pensava eu que,
bastava eu sentir
que tu sentirias...
bastava eu não esquecer,
que tu não esquecerias...
bastava eu saber que não sabia,
que tu não perguntarias...
bastava eu dizer,
que tu acreditarias...

Se uma vez te disse : "Amo-te"
pensei que tinhas ouvido, o "Para Sempre", adjacente...

Não te amo... até que a morte nos separe.
Não te amo... até que me farte disto,
até que dê meia volta e não mais me apeteça,
ou porque já não me surpreendas,
ou porque não mais me fazes rir,
ou porque de repente vi que, ficaste velho demais...

Não...não se diz Amo-te
com esta ou aquela outra condição...
Até quando não o digo
o meu "Amo-te" é somente isso:
Amo-te... mas não é o suficiente!


Malu
Alcobaça
27 de Abril de 2008

...Naufrágio...

Tudo parou...
Quando eu mais temia, que o tempo corresse
Custa tanto estar
demora tanto a passar

Nada sou neste tempo
Não me dou, não estou
Não sou daqui
Desaprendi de tudo

Atraquei nesta ilha
Estancou o meu sorriso
Algo muito forte me barrou
Tudo parou...

Impede-me de seguir...
Encontrei-te? ...Perdi-me!
Entrego-me como,
Se jamais me pertenci?

Não te assustes!
Porquê resgatas
esta missão?
Era tua essa mão,
que me estendeu a vida, o amor!?

Estou desprendida, e agora?
Estou nua, ferida?
Sou tua...

Cuida bem de mim por favor!


Malu
Alcobaça, 23 de Janeiro de 2008

...Silêncio Amor!...

Esquece as palavras doces, o carinho;
A tua voz implora uma certeza na minha,
O teu querer, quer ver um espelho em mim.
Isso é cobrança, é dúvida…

Falas como quem mede distâncias;
Paras para ouvir, ou não, as respostas.
A tua fé treme, procura a minha em pranto.
Isso é desespero, é dor…

O medo afoga-nos no vazio, não no fim;
Se choras ou reclamas um abraço efémero,
É o teu coração que não sabe viver assim.
Isso é cansaço, é descrença…

Gritas-me a saudade, as tuas ânsias;
E as palavras que repetes como sendo nossas,
Tem demasiados ses, nem nãos, nem sins.
Isso é esquecimento, é tortura…

Eu calo, não tenho dúvidas, nem certezas…
Consegues tu, ler o meu silêncio?
Não é preciso decifrá-lo, basta senti-lo.
Isso é respeito, é apego…

È brando, é manso,
Não é de guerra,
Não é de morte…

Não faças barulho!
È de amor, meu amor
O meu silêncio!


Alcobaça
29-4-2008
Malu

29/04/2008

...Inv(f)erno...


Se há sol atrás das nuvens
Brilha como tu…
Se há fogo depois de apagar o lume
Ele aquece como o teu olhar…
Se há ternura até nas horas caladas,
Ela toca, como as tuas mãos…
Se há perfume, depois de dois corpos se amarem
Ele espalha-se…como o teu ser e não ser…
Por mim, em mim…assim !

Preciso da chuva…
Dessas lágrimas que trocámos juntos…
Da epopeia de amor que nossos olhos se escreveram em silêncio…
Preciso desse calor cravado pelos teus dedos na minha carne…
Preciso tanto do teu cheiro…
Das tuas mãos no meu pescoço…
Dos teus lábios nos meus…
Dos teus olhos fechados…
Da tua testa na minha…

Preciso tanto de te sentir
Como o urso precisa da sua caverna para fugir…
Pra se esconder… para hibernar
É Inverno aqui meu amor, dentro de mim…
Vem abraçar-me em ti por favor…
Sinto-me morrer de frio…
Neste vazio,
Nesta saudade
Nesta dor…!

Malu

Algures gelada

27/04/2008

...Sou uma pedra ?...


Não se Ama uma Pedra

Amar é reconhecer nos outros um ser misterioso, e não um objecto.
Tu eras uma vibração à tua volta, não a estreita presença de um corpo.
Aqueles que não amamos nem odiamos são nítidos como uma pedra.
Sentir neles uma pessoa é começar a amar ou a odiá-los.
Só amamos ou odiamos quem é vivo para nós.

(«Nunca amaste ninguém...»).

Vergílio Ferreira, in 'Estrela Polar'

23/04/2008

...Quase nada...

Não oiço o bater do teu coração
Ao ouvido não me chegam as tuas doces juras de amor
Ao meu corpo não chegam as tuas mãos
O teu abraço faz-me falta demais

Não sinto as tuas saudades
Essas que dizes sentir até doer …
Não sei se ainda me queres tanto como ontem
Ou num daqueles dias quaisquer, em que te tive…
Tanto como eu, hoje ou outro qualquer dia, que te não tenho…

Grito mudamente como te quero
Não sei mais o que fazer
Não me sais do pensamento
Seria bom ao menos se me ouvisses
Neste momento em que desespero…

Não sei como chegar a ti
Sei-te comigo…sempre em mim…
Mas não sei como, não sei onde
Não sei porquê, não sei quando…
Sinto-te longe ás vezes…

Se calhar, daquelas vezes em que até estás mais perto!
Não sei ver esta distância, esta ausência, como aliada
Não sei se estou cega, não sei já de mais nada
O tanto que te amo…
Para ti…é quase nada!

Malu
Alcobaça, 11 de Março de 2008

...desaprender...

Há uma altura em que, depois de se saber tudo, tem de se desaprender. Sucede assim com o escrever. Com o escrever do escritor, entenda-se. Eu, provavelmente poeta, estou a aprender a... desaprender. E para quê e como se desaprende? Para deixar de ronronar, para que o leitor, quando o nosso produto lhe chega às mãos, não exclame, satisfeito ou enfastiado: «- Cá está ele!».
Na verdura dos seus anos, a preocupação do escritor parece ser a da originalidade. Ser-se original é mostrar-se que se é diferente. E as pessoas gostam das primeiras piruetas que um sujeito dá. E o sujeito gosta de que as pessoas vejam nele um talento.
Atenção, vêm aí as receitas, as ideias feitas, os passes de mão, os clichés, os lugares selectos ou, mais comezinhamente, os lugares comuns. O escritor está instalado. Revê-se na sua obra. Começa a abalançar-se a voos mais altos, a mergulhos mais fundos. É a intelectualidade que o chama ao seu seio, o público que o põe, vertical, nas suas prateleiras. Arrumado.

Quase sem dar por isso, o escritor acomodou-se e tornou-se cómodo, quando propendia, nos seus verdes anos, a incomodar-se e a tornar-se incómodo. Organiza «dossiers» com os recortes das críticas que lhe fizeram ao longo da sua carreira (nome, já de si, chamuscante), vai a colóquios, celebrações, congressos. Ganha prémios.
É traduzido e publicado no estrangeiro. Por desfastio (e por que não?, algum dinheiro) aceita colaborar em conspícuas revistas ou em jornais efémeros como o dia a dia em que vão sendo publicados. Está de tal modo visível que já ninguém dá por ele. É o escritor.
Se as coisas continuarem indefinidamente assim, o escritor pode ser alcandorado a gloríola nacional, com todos os direitos inerentes a uma situação dessas: academia, nome de rua, estatueta ou estátua, tudo isso em devido tempo, quer dizer, já velho ou já morto o escritor.
Pedra campal sobre o assunto.

Alexandre O'Neill, in "Uma Coisa em Forma de Assim" é o autor desta reflexão, que me alimenta hoje

sim, sei que escrevo quando estou "mal"
sei que faz-me mal escrever...

então porque escreves, perguntas-me tu...?!
porque sim, porque me sai...

por isso, vou parar uns tempos...
o tempo que for preciso para desaprender de tanto sofrer...
tenho que viver, sentir, algo de mais luminoso, para poder voltar... e escrever, em paz...

até breve
malu

20/04/2008

...anjo rafael...



Não consigo ir dormir... faltas tu cá em casa, meu amor pequenino... e esta é a maior perda, que senti desde sempre... sei que não te perdi...mas estás ausente... e longe, fazes-me falta...sempre...

oiço dentro de mim, Paulo Gonzo e penso em ti:

"...teimoso subi...ao cimo de mim
e no alto rasgei...as voltas que dei
sombra de mil sóis em glória...cobrem todo o vale ao fundo
dorme meu pequeno mundo

como um barco vazio...p´las margens do rio
desce o denso véu lilás...desce em silêncio e paz
manso e macio

deixa que te leve... assim tão leve
leve e que te beije meu anjo triste
deixo-te o meu canto canção tão breve
brando como tu amor pediste..."

e choro...
como uma criança, por não te poder dar um beijo esta noite...
morro de saudades tuas...
lembro a nossa musiquinha,
aquela que ainda dentro de mim te cantava, antes de nasceres,
e ainda hoje adoras cantar comigo:

"era uma vez um cavalo
que vivia no seu lindo carrossel
era tão lindo e tão belo
cavalinho, cavalinho de papel...
a correr, tra la la
a saltar, tra la la
cavalinho não saia do lugar, tra la la

o cavalinho era amigo
anjo da guarda fiel
de um bebé muito querido
cavalinho, guarda o bebé Rafael...
a crescer, tra la la
a brincar, tra la la
Rafael vai sorrir ao acordar, tra la la "

assim, nesta ternura
já adormeces-te colado a mim,
tantas...tantas vezes, que agora me parecem tão lá atrás...

beijinho, meu amor

faz ó-ó meu bebé
porque eu velo por ti
só aos anjos
a lua sorri

amanhã
a mamã está aqui,
à tua espera...

...ridículo...



Será que estou mesmo apaixonada?
Porquê amar tem que doer tanto?
Estarei apenas doente?
Às vezes sinto-me completamente ridícula com tanto sofrer...

Não havia necessidade !!!
No entanto já o poeta dizia que :
" Não seriam cartas de amor, se não fossem ridículas..."
Que figuras que nós fazemos...por culpa do amor...!

...Serei?...


Serei carne fria, crua
Serei terra molhada, apertada
Serei flor murcha, pétala solta
Serei pena que não tem onde cair
Serei apenas uma sina mal marcada
Serei de mais alguém
Sem ser de mim
Serei eu tua?!

Serei apenas alma perdida, desamada
Talvez sombra periférica de uma estrada
Que me mostraste e não segui
Que me ensinaste e não aprendi
Serei apenas semente que não reguei
Serei um frasco de um bom perfume
Que não abri?!

Talvez seja apenas um ser banal:
Não contente com o “ser” apenas
Insatisfeita com o “viver” apenas
Despedaçada com o “querer” apenas
Vazia com tanto “ter” apenas
Que não me preenche todas as partes ocas
Que não junta em mim todas as peças
Que não completa em nada, nunca
Tudo o tão pouco que preciso nesta vida…

Queria apenas sorrir com vontade
Amar-te mais, em liberdade…
Correr, brincar
Seguir sem medo, sem esta ansiedade
Serei exigente demais
Contigo, comigo, com a vida?!
Serei muda, surda
Serei nada disto,...tudo
Responde-me:
Serei eu tua ?!…

Malu

19/04/2008

...vício traidor...

Não sei porquê desespero …se te não quero… se te não espero…
Talvez seja o meu coração que não é sincero…
Ensinei-lhe a te não chamar, a te não beber
E ele disse que aprendera a lição
Desde o dia em que agarrei a tua mão
E me disseste que te não podia prender…

Como vou eu agora fazer
Para não sofrer…pra não te perder
Se o meu coração me mentiu
Se apaixonou por ti e me fugiu…
Sequioso colou à tua bagagem
E se foi…sem olhar…sem me levar…?!

Corro atrás de mim… preciso do meu coração
E não te apanho…tenho a certeza de que me perdi…
Já não sei como o sossegar sem ti…
Sem nada mais que o prenda aqui…
Salta, grita… não pára… teima em não estar em mim
Ficou dependente…viciado…e foi roubar sangue por ti

Fiquei eu… sem batida…sem vida…
Agarrada…ressacada…desesperada…
Não posso viver sem ti…meu coração
No meu peito gravado…aconchegado
Volta amor, mata este vicio traidor
Não mo deixes neste estado… despedaçado…


Malu

17/04/2008

...palavras pintadas...


Picasso pintava…
Escrito está de suas palavras que:
“Nada é mais difícil que uma linha!…”

E eu…não sei pintar
Não sei escrever…
Nem às cores, nem a preto e branco…
E queria tanto dizer-te algo…
Com que entendesses a minha linguagem
A mensagem…

Não é fácil dizer que te amo…
Sinto-o…
Com tanta certeza que tenho medo
Tenho dúvida de que acredites
Quando to disser…
Quando to não disser…

Não é normal este querer-te…
Parece que vive em mim
Desde sempre
E para sempre…
Este saber de pertencer-te
Que me faz tanto recuar…

Aterroriza-me não saber
Fazer sentir-te igual
Ou o mesmo…
Não sei por que te amo assim
Sei que preciso que me ames
Tal e qual…

Sei que, vendo um dia que te quero demais
Demais para ti…
Prefiro fugir… prefiro que te não tenha
Do que ter-te, sem ser assim…
Sem seres de mim
Sem seres para mim!…


Malu


Algures em ti

16/04/2008

...cântico negro...


"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!"

será que as nossas vidas se perpetuam e se entreciclam...?
será que alguém escreveu isto por mim, alguém que nasceu 71 anos antes de mim, em 1901... com o nome de josé maria dos reis pereira...?!

eu não sou licenciada em letras... mas juro-vos que poderia ter sido eu a escrever este cântico... desde que me lembro de ler, e procurar pensamentos escritos onde me reveja, sem qualquer defesa, que este, foi sempre um dos meus preferidos...não que me anime, não que me alente...mas por ser assim, tal como que, meu... de mim...

ainda bem que nos identificamos com alguma coisa não é, neste mundo...?!
escusava era de ser um tão negro exemplar a perseguir-me...

este terá sido um daqueles artistas que escreve, o que não sente... ou o que sente ?
ò Jose Régio... não acredito nisso...nem eu...nem tu...!!!
quem escreve assim... pode ser que eu me engane, mas escreve, tal e qual eu, tal e qual o que lhe vai na alma...

... e está tão escuro hoje...!!!

15/04/2008

...carrossel...


Faltam-me as palavras
Mas o pensamento não pára
Como um carrossel desgovernado…
Atormenta-me esta apatia
Esta necessidade bruta de me sacudir pra nenhum lado…
Viro-me do avesso, e de mim não cai nada…

Secaram-me todas as lágrimas
Desmontou-se todo o meu corpo
Encolheram todos os meus tecidos
Não sei já que líquido corre nestas veias
Apaguei-me em todos os meus circuitos
E não sinto nenhuma paz…

O meu coração reclama
Pede força, pede vida, pede alento…
Minha alma não quer sossego
Meus olhos não querem descanso
Vive em mim uma certa inquietude
Que atropela qualquer pedaço de razão

Tantos precisam de mim, certa segura
E eu não estou, não sou capaz…
Não há ancora alguma, qualquer raiz
Nesta pessoa que hoje sou

Vagueio insistentemente
Pelos sempre mesmos lugares
E dou com tudo, com todos
Menos comigo…

Desconheço a forma
Em que se terá transformado a minha massa
Depois de tudo…
Depois de nada !

Já dei tantas voltas, e não me encontrei
Que já não me iludo… e estou infinitamente cansada…
Se não sei onde estás
Não sei para onde vou !…


Malu

(na feira dos sentidos)

...artista de pincel...

Se eu fosse artista de pincel
Pintaria uns olhos feitos amêndoa
De uma pessoa que conheço à distância.

Se eu fosse artista de pincel
Riscava a tela de tons dourados
Bem à semelhança dos seus cabelos.

Se eu fosse artista de pincel
Desenharia um nariz arredondado
Bem oriental por isso mais bonito.

Se eu fosse artista de pincel
Esboçava uns lábios carnudos
Numa boca sensual, apetitosa.

Mas não sou artista de pincel:
Por isso limito a minha acção
A contemplar, a admirar, a desejar…


Ass: Orlando Dias Agudo



Sim, hoje estou de folga, e faço uma pausa, porque, já sei que quando escrevo demais, é porque estou a sofrer... prefiro deixar aqui o pensamento poético de um amigo, daqueles que conseguem omitir os sentimentos, e esconder-se atrás das personagens e conseguem não ser transparentes como eu, mas um amigo que respeito, e que espero ainda me ensine muitos dos seus truques.

Um artista das letras, digo eu, e não do pincel, por isso, foi fácil conseguir escrever o que pensa, o que sente, sem sofrer, e aqui também, digo eu...
Bastou uma foto e...uns olhos lindos... de uma mulher que não se diz o nome, para revelar... aquele artista...

E a arte, é realmente para ser apreciada... e eu aprecio, os que conseguem assim escrever... não como eu... mas libertos de si mesmos, muitas vezes levados por uma grande faculdade de imaginação, na ficção... onde o proprio coração pouco pesa, tantas vezes... não como eu... outras vezes levados pela sensação que agora substitui a autrora paixão, e é apenas um doce apreciar, de encantamento...quem sabe...à distância...

Um dia, quando for grande...também serei assim... e saberei, contemplar sem me precepitar, admirar sem me apaixonar e apenas desejar, como que aprenderei a arte de viver... sem deixar o sofrer me abalrroar...

Obrigado mestre...conto consigo.

14/04/2008

...Celeste...


… e havia aquela fantástica senhora… que ouviamos a meio da sesta, a meio do relax, de barriga para o ar, deitados na toalha aquecida, no imenso areal… e nos animava… era tão familiar…
- olhaaaaaa booolacha amaricaaaaaaaaaana…!
- olhaaaaaa booolacha amaricaaaaaaaaaana…!

Desde os seus anos de jovem mulher que palmilhava diariamente e vivamente por todo o Verão, umas 4 ou 5 vezes por dia, de um lado ao outro, toda a praia. Sempre havia alguém que a ouvia passar, de lés a lés… com os pés calejados, escaldados a seco mas alegres e habituados às areias quentes e nada finas, da Nazaré…

Tinha as bolachas ao pé do São Miguel…lembro-me tão bem…!
Naquela dispensa dos concessionários, junto às casas de banho dos veraneantes debaixo do muro, assim que passávamos as dezenas de peixeiras a oferecerem…..barracas….quartinhos…chambres….rooms…:
- Aaaaahhh lindas…vão ficar quanto tempo ? Na quer uma barraquinha…? Um quartinho p`a passar a noite ?… alugo barato…!

A minha tia, não era peixeira… Era do Valado, por isso valadeira… mas, todos sabem quem era a velhinha, que desde nova vendia, a bolacha americana na praia.
Todos os meus conhecidos, e amigos e desconhecidos e outros, passaram por ela um dia, e diziam, a respeito da minha tia:
- Simpática a senhora, sei quem é…!!!

- A vida não é fácil…! Dizia-me a minha tia… quando ainda se mexia, sempre com um ar despachado, alegre, entregue com todas as forças àquela vida… rude, difícil, dorida…tão maltratada pelo sol nosso de cada dia, e ainda pelo seu próprio sol…

O tio Manel, era, e ainda é conhecido, por ser o homem dos gelados…
E toda a vida, desde que me lembro, a acompanhou, e ela a ele, em todos os momentos públicos, mais ou menos difíceis de cada um…
Nos outros, que eram só deles, e do seio lá de casa… uma casa pobre, como quase todas as da nossa família, não sei…
Nunca me despertou curiosidade saber como vivia aquele casal, nas minhas primeiras 3 décadas de vida….
Em pequenina…adorava-os, eram os tios dos gelados e da bolacha, que sempre todos os anos pelo menos numa das minhas idas à praia, me presenteavam com aquela gulodice…
Mas em criança ainda, tive um clic, que me afastou deles.
E só deles, porque andavam sempre juntos, mas nunca da minha tia, interiormente…porque, desde sempre, embora pouco o convívio, gostava muito dela…muito…era das irmãs do meu pai… a que sentia mais próxima de mim, de todos eles, e todas elas…
Não julgo apenas por um mero preconceito monstruoso que viva em mim desde a meninice… sinto simplesmente que o afastamento, foi por causa dele, ou então, estou agora aqui a ser extremamente injusta, mas sem meias palavras, de fora vejo que foi a vida que o fez assim…
Ele era mau, e cá para mim tinha tiques de pedófilo, pelo que, não me aguentava muito tempo a deixar-me ser apaparicada … evitava… nunca me senti segura em casa da minha tia, nem criei a assiduidade de voltar, nem vontade… e tenho pena…!

Os meus primos, sempre ficaram um tanto afastados, só o Filipe, que continuou a vender na praia, o via mais vezes… mas os outros, raramente. Só nas férias de Verão, naqueles espalhafatosos encontros de emigrantes, e mesmo assim…muito de fugida e, nem todos, nem todos os anos…
Só com a Zélia, e mais propriamente com os filhos da Zélia, ganhei mais afinidade, talvez e mais em particular com a Sandra, lembro-me muita vez dela, dado o termos estado mais próximas, por altura do casamento da Vera, a afilhada que o meu pai adora, tal como à outra, e que está longe… emigrada… e que hoje, nem me conhece… !!!

Nos últimos 5 anos, e mesmo desde a doença do tio Manel, por incrível, tenho-os visto até mais vezes, aqui, ali, nos médicos, na praça em Alcobaça, na praia ainda agastados pelo velhaco do trabalho, aquele casal de vendedores, dos quais esqueci neste entretanto as imagens do antigamente, e me afeiçoei mais a uma visão de tios queridos e velhinhos…

Nos últimos meses, desde que se atiçou a doença da tia, mesmo sem até há bem pouco tempo ninguém desconfiar de nada… a vida, não só foi nada fácil, como também foi muito difícil para eles…
De repente, a tia, é internada, operada de urgência, e fica acamada… um cancro desventrou-a completamente, galopantemente, e continuou, por estas ultimas semanas, a consumi-la, a cobrá-la, não sei de quê, não sei por quê, tão devagarmente, como que um castigo deveras inapropriado, enganado, no seu alvo sofredor…

Foi tudo muito rápido…
Numa questão de mês e meio, todos os filhos e a maioria dos netos, genros e noras, e sobrinhos e irmãos e próximos e afastados, ficaram a saber que, a tia estava muito mal… e deu-se um corrupio de cruzamentos em família como só a morte, conseguiu alcançar…

Faz hoje uma semana, a minha tia, chorou agarrada à minha mão…
Tinha-me ali, e a mim se agarrava, como quem suplicava para que fosse diferente, o seu fim... Não queria, deixar o tio… deixar o hospital… queria ir para casa, tratar dele, sem ver que em casa, não tinha quem tratasse convenientemente de si...
Ouvia mal, sem o seu aparelho que entretanto perdera naquele mini quarto da cirurgia, e apenas por ironia do destino, coube-me a mim tentar consolá-la, naquela hora que foi a última vez que a vi…

Sim, foi uma hora negra, que me transtornou… no meio de tanta família, tanto filho tanto neto, que andou pra trás e prá frente, entre cá e lá, França, Angola, Portugal, aqui ao lado… e todos tão longe, naquela hora, que veio sem avisar...
Naquele dia, sim, mais uma vez digo por ironia do destino, eu acabara de ser internada para a minha cirurgia, que agora me empurrou para o repouso absoluto em casa, quando na mesma enfermaria, a tia teve alta… já nada havia ali a fazer, e foi enviada para o lar, onde deveria viver em paz, e em dignidade, os seus últimos dias…

E quem estava alí…?…eu… a descansá-la… a confortá-la, a convencê-la, a ela e ao tio Manel, de que era o melhor que lhes podia acontecer agora…nesta altura do campeonato…serem separados, para mais tarde, assim que possível, pudessem estar juntos, e juntos ficarem até ao fim dos dias, num outro lar, onde os dois pudessem ser acompanhados.
A doença, a velhice, a injustiça da dor que nos esmaga, quando nos sentimos impotentes perante estas conformidades da vida, ou da morte, transtornam-me muito…aliás, comovem qualquer um… revoltam qualquer um, quanto mais eu… tão inconformada como sempre…

5 dias depois, deu-se o alarme pela manhã…
No lar, a minha tia, não podia ficar, os diabetes subiram a 600 e, teve que vir para o (S.O.) para os cuidados intensivos... De novo para o hospital, mas agora, numa área restrita, onde nem eu podia entrar… como internada… também dali não podia passar…
Foi a Zélia quem me avisou… tadinha, despedaçada, sofrida. Veio mais uns dias a Portugal, pra estar com a mãe, e pressentira que iria ser o fim… aliás…os médicos chamaram-na à parte e isso mesmo disseram…
E a Zélia, lá preparou tudo, com a maior das coragens… e mesmo sabendo que tinha uns irmãos longe, embora com ela, e outro a enfernizar-lhe a vida por causa da ida para aquele lar… Sabe que foi o mais certo… queria ter dado paz, nas últimas, à sua mãe, que toda a vida sofreu, e merecia morrer bem tratada, acarinhada, e não sozinha numa cama de hospital, como acabou por acontecer…

A Zélia tinha viagem marcada para hoje… o Zé também… mas, já nem sei como vai ser…
A tia, morreu ontem à noite, disse-me há pouco o meu pai… e agora, vai enterrar…
Vai partir finalmente para um lugar mais calmo, onde não mais as dificuldades desta vida, andarão a rondá-la, a massacrá-la, onde não mais vai ver o seu querido marido, por mais mau que tenha sido, a sofrer sem o poder valer, onde não mais, vai ver os filhos discutirem, e andarem às zaragatas… onde não mais, vai ter que palmilhar o areal a vender bolacha americana para viver… acabou-se… silenciosamente… apagou-se!

E eu tive alta do hospital, no dia em que ela voltou, e não pude ir vê-la!
Nem hoje, me poderei ir juntar aos que a amaram e levá-la, como diz o povo, à sua última morada…
Fico mais uma vez, presa neste repouso absoluto, mas que não posso infringir… e aterro numa planície de plena tristeza, inquietude, e uma sensação de um pesado vazio que me atormenta… sei que hoje… a vida não está fácil tia…

Deixas-me mais um buraco imenso no meu coração, e isso deve querer dizer que nele, o teu lugar é cativo… Não vou dizer-te adeus…nunca o poderia ! Foi há uma semana que me despedi de ti, e sim, nessa altura, eu o sabia…! Digo-te até breve, até sempre, até um dia.

Invade-me uma amarga alegria, por saber que finalmente, parou o teu sofrer, acabou a tua estrada…
Continuarás a ser a nossa tia "Celeste", agora mais que nunca, pois sei que estarás no céu, a olhar por nós…
Vai e descansa em paz…!
Há quem diga que o fim da estrada… é o início do caminho… e assim, talvez um dia nos encontremos por aí, e eu possa dar-te um doce abraço… um beijinho…!…

Alcobaça , 14 de Abril de 2008

Malu
(à tia Celeste )

...recomeçar...


Não vou despedir-me
Nunca mais…
Foste tu quem me ensinou
A não dizer adeus ao que se ama

Largo estas pedras
Este chão,
Este cheiro
Deixo para trás tudo o que é meu…

Com olhos tristes, a arder com saudades
Que vão acompanhar-me por muito tempo…
Enquanto não me esquecer
Que aqui, também fui feliz…

Não vou dizer um até breve
Sei que não vou voltar…
Vou apenas certa de que vou
E sou daqui…e de tanto outro lugar…

Quem não chora
Nunca sentiu
Os laços que nos unem
Às memórias que nos ferem…

Quando nos obrigam a partir…
Quando não há mais por que ficar…
Sim…vou embora
Vou por mim…!

Ninguém me empurrou
Ninguém…
Não te culpes…
Eu não te culpo…

Está na hora
Não de temer, não de parar…
Está na hora de nascer
Recomeçar…


Malu
Ataíja de Baixo, Alcobaça
20 de Setembro de 2007

13/04/2008

...ainda tu...


Ainda ontem te vi
No claro azul claro dos teus olhos
Sim… Ainda lembro como se fosse ontem
E já passou algum tempo
Algum… demasiado tempo
Sem te ver

Ainda agora te senti
Teus ossos nos meus
Como se o teu abraço me apertasse
Como eu tanto queria agora… antes de ir dormir
Antes de mais uma vez fechar os olhos
E voltar a adormecer… a acordar…
sem ti a meu lado…

Ainda amanhã…
E depois de amanhã …
E depois
Muitos mais amanhãs virão depois
E estaremos ainda longe … separados
Ainda desolados…ainda
atordoados com esse elo que nos invadiu…
sem sabermos ainda de onde vindo
E nos mantém ainda unidos…

Ainda ontem…
Ainda amanhã
Ainda agora…
Ainda há tanto tempo
Ainda por muito tempo ainda…
Ainda não sei porquê
Nem quero saber… ainda…!

Ainda me amas meu amor ?!…
Sempre … Sim …
Ainda e sempre, sei que sim …
Sei que ainda
E também sei que ainda não chegou o nosso tempo…

Ainda e desde sempre te espero…
Hoje…
Amanhã…
E ainda depois…

Por quanto tempo ainda … meu amor ?


Alcobaça

4 de Março de 2008
Malu

12/04/2008

...amanhã...ou depois...


Amanhã…depois…
Entre muitos outros…só em mim
Cheia de palavras…completamente muda
Crescida, tão certa…tão indefesa
Menos mal…assim-assim
Tão diferente…tão sempre igual…

Quantas caras tem
O amanhã…o depois ?!

Quantas vezes
Ninguém responde…ninguém sabe
Porque choras…porque ris…?!

Tantas vezes
Tá tudo bem…é mais um dia…
E tudo é nada… é tanta coisa
Que não está bem…que te desvia…
O teu caminho não é esse, sabes bem…

Quantas vezes
Vais ter que voltar atrás
Refazer toda a caminhada…
Entre mãos que te dão, a que de dás
Quando te afundam, te seguram
Te levam o teu quase nada… ?!

Será amanhã … ou depois …
Quando vais aprender a ficar parada
A deixar-te ser amada…?!

Ataíja de Baixo - Setembro 2007
Malu

11/04/2008

...errante...


“amor errante…amor distante (…) volta depressa… enquanto há tempo” …
A canção fere-me, sempre que a oiço, e oiço nela falar de nós, cantar pra nós!
Sempre que me lembro, mesmo sem ouvir essa música, esse chamar-me a ti, esse chamar por ti. Será errante o nosso amor ? Errante será errado, será um erro ?!
Distante é certamente, ou então não o é, não pode ser. Não te sinto distante. Não estou de ti distante. No meio dos nossos desencontros sim, é errante este amor,
este não estar. É errado passar mais tempo a adiá-lo, é um erro pensar que temos todo o tempo do mundo à nossa frente.
Volta depressa meu amor, por favor! É errado não viver a teu lado todos os meus dias
É errado não ter-te aqui agora e poder apenas abraçar-te muito apertado, muito demoradamente.
Quem será que se enganou, eu, tu?! Quem foi o errante que nos uniu, nos separou…?!
Será um erro pensar assim; querer-te para mim enquanto há tempo … ?!


Alcobaça, 19 de Janeiro de 2008

Malu


(com a canção "amor errante" dos Diva na cabeça)

07/04/2008

...fé...


Será que te perdi ?!
Será este um dos momentos em que preferes estar sozinha ?!
Será que me ouves respirar… dormir… soluçar… desistir ?!
Será que ainda estás em mim… perdida… esgotada…
À espera de ser resgatada ?!

Será que me escapas-te entre desejos, entre medos
Entre “entra-e-sai” de segredos… ?!
Daqueles que ferem de dor…
Daqueles que ardem de felicidade…
Daqueles tão perfeitos momentos…
Tão imperfeitos fragmentos de verdade…
Tão inoportunos e rebeldes sentimentos…
Tão esguios e raros… e tão seguros… tão frágeis…
Preciosos toques da tua alma… teus e meus sorrisos…
Por entre tão doces, imprevisíveis… sentidos…
Por entre os meus e os teus rios de lágrimas…
Entre tantos sonhos impossíveis…

Será que ainda estás aí ?!
Nesse lugar onde me encontro … tão escondida… tão sem abrigo
Desprotegida… nesse olhar infinito…
Nesse silêncio em que desgastas…
Nesse abraço que me negas… que não dás sem me sentir…
Será que me queres ainda… como noutro dia qualquer ?!

Onde andas?!
Vem me ver
Vem-me dizer
Vem-te mostrar...
Como posso não te perder,
Como faço?!
Está a doer
Vem me sarar...

Malu

Alcobaça, 13 de Janeiro de 2008

...insónia...




Não faz frio esta noite …
não me apetece ir dormir…
Não ligo a televisão…
Não oiço os teus cds…
Não desligo sequer dos barulhos deste prédio…
Não sei que horas são…
Não sei mais que fazer…

Já corri toda a casa…fui à rua… não vi vivalma…
Os carros passam lá fora…
Só passam…nenhum pára…nada pára…
Tudo gira…tudo avança tão calmamente…
Tão naturalmente se estende a noite em madrugada…
Daqui a pouco é já de manhã…
Só eu não paro …
Não me apetece ir dormir…

As crianças já foram dormir…
Os vizinhos já foram dormir…
Preparam-se para mais um dia amanhã…
Cheios de dores, de trabalho, de dissabores…
De um esforço incrédulo em sobreviver…
Quase sem tempo para respirar, para sofrer, para sorrir…
Mas lá estão…lá vão…embalados pelas vidas desgastadas…
Descansam…! Só eu …. não me apetece ir dormir…

Tenho medo de me esquecer da cor dos teus olhos…
Tenho medo que esqueças como é sentir os teus lábios nos meus…
Tenho medo que adormeça o teu amor por mim…
Sinto tanto… apenas tanto, tanto a tua falta
Que não me apetece ir dormir…
Não quero acordar sem ti a meu lado…
Abraça-me amor…
Não me apetece ir dormir!…

Alcobaça, 9 de Janeiro de 2008

Malu

06/04/2008

...contar o tempo...


Há quanto tempo estarei aqui no meio de nada…
Nem perdida, nem achada ?!
São tão desventrados de tudo estes caminhos, estas paredes…
São tão iguais a labirintos estas ruas…
Esta cidade, estas pessoas que comigo se, ou não se cruzam !
Onde terei eu batido com a cabeça…
Com o coração …com o corpo todo… ?!
Pra me sentir assim tão vazia, tão acordada…adormecida desta pancada
Que “Côma” é este… que estado de : “não estar” ? “não saber“ !
Que gosto é este…tão amargo…tão sem sal… ?!
Nos meus dias…nas minhas noites…

Há quanto tempo estarei aqui, tão sem pra onde me virar…?!
Estarei a ficar louca…?! Serei eu louca…e não sei ?!
Quanto tempo faltará para me reencontrar…?!
Não sei de mim…
E sinto tanto a minha falta…
Onde está o brilho dos meus olhos… o meu sorriso…?!
A minha garra… essa vontade de viver… de crescer… ?!
Onde estou …para onde vou agora ?!
São tantas perguntas … sem tantas respostas que já nem quero…
Estou cansada de girar à minha volta,
Sem conseguir parar…fechar os olhos, descansar !!!
Onde está o meu amor !!!
Dá-me a tua mão… vem me buscar…

Há quanto tempo estarei aqui…?!
Já não sei
Já não sou capaz de contar…!!!


Alcobaça, 13 de Janeiro de 2008
Malu